terça-feira, 31 de março de 2009

A BAÍA E O VESÚVIO


Nápoles, Agosto de 2004

segunda-feira, 30 de março de 2009

VIAGEM PELA MINHA ESTANTE - TAKE TWO


Aqui chegamos ao que aparenta ser a zona da Poesia. Mas não se iludam, que não há organização alguma.

POUCA TERRA, POUCA TERRA

Quem leu o público hoje pode confirmar num pequeno mapa o quanto a Refer tem cortado na rede ferroviária nacional desde os anos 90.
Olha para o Minho e vê que já encerraram umas linhas. Espreita o Alto Minho e lá está mais uma linha que já foi devidamente encerrada.

Vamos descendo os olhos pelo mapa e vemos que os cortes acontecem sobretudo no Norte profundo e no Alentejo igualmente profundo. Será a toa que são as duas regiões mais pobres do país?
Mas se olharmos para o centro do país deparamos com o caso de Viseu que é uma verdadeira vergonha... Sabiam que estamos a falar da maior cidade da Europa Ocidental sem acesso ferroviário?
Mas à Beira Alta não lhe tiraram só o acesso a Viseu, fecharam a linha do Vouga e a ligação entre a Covilhã e a Guarda, não vão os beirões começarem a andar por aí de comboio, digo eu.

Continuando a olhar o mapa, nota-se que o Algarve também não escapa aos cortes. Ali bem pertinho de Espanha a Refer também resolveu poupar uns trocos.
E o Alentejo? Será que ao menos nos comboios não há desertificação? Não sejamos crentes, é óbvio que há e não é pouca. E já agora experimentem chegar de comboio a Évora e depois vejam o que o vosso traseiro tem a dizer sobre a viagem...

Passemos para a Beira Litoral onde existem cidades cheias de gente como Coimbra, Aveiro, Figueira da Foz. Será que aqui também chegou a tesoura ou alicate, ou lá que coisa estes senhores usam para desactivarem as linhas?
Sim, Coimbra levou um cortezinho, da Figueira é melhor não falar e ai de que alguém em Aveiro que queira falar da linha do Vouga que a ligava a Viseu.

Bem... já que a terceira cidade do país sofreu cortes vamos avançar para o Porto, porque com a gente do Norte é que eles não se metem...
Mas tu queres ver que também fecharam linhas no Grande Porto?
Oooops, pelos vistos sim. E é que nem foi uma, nem duas, mas sim três.
Em verdade deve se dizer que uma das linhas passou a Metro (como aconteceu também em Mirandela e irá acontecer em Coimbra), mas isso lá é desculpa se desactivarem linhas atrás de linhas?

Resta-nos espreitar Lisboa, deixa cá ver o mapa...
Mas... Não me digam que não cortaram nada? O meu mapa deve estar errado porque aqui parece-me que na Grande Lisboa nem um metro de linha foi desactivado.

Isto não faz sentido, se Portugal é Lisboa e o resto é paisagem, há melhor maneira de atravessar essa mesma paisagem do que num lento e fumegante pouca-terra pouca-terra?


P.S.- Omiti deliberadamente Trás-os-Montes e Alto Douro, porque este texto pretende brincar um pouco com a situação, mas os cidadãos dessa região do país que pagam os mesmos impostos que eu e tu, além de não terem auto-estradas e de lhes andarem a tirar hospitais, ainda levam com o maior número de cortes nas linhas ferróviarias do país, e como tal não devem achar muita piada ao meu sentido de humor.

HAVALINA



Pixies - Havalina

domingo, 29 de março de 2009

VIAGEM PELA MINHA ESTANTE - TAKE ONE


Entre os artefactos que "abonecam" a estante como disse a mulher-a-dias está um mini vaso minóico num belíssimo pvc made in China - que eu cá não quero imitações de países sem tradição na arte da falsificação de souvernires - e ainda uma imitação de um arco romano também ele em pvc oriental que me trouxeram da Cróacia.

NÃO POSSO ADIAR O AMOR PARA OUTRO SÉCULO



Não posso adiar o amor para outro século
não posso
ainda que o grito sufoque na garganta
ainda que o ódio estale e crepite e arda
sob montanhas cinzentas
e montanhas cinzentas

Não posso adiar este abraço
que é uma arma de dois gumes
amor e ódio

Não posso adiar
ainda que a noite pese séculos sobre as costas
e a aurora indecisa demore
não posso adiar para outro século a minha vida
nem o meu amor
nem o meu grito de libertação

Não posso adiar o coração


* *


António Ramos Rosa

SANTA APOLLONIA




Beirut- Santa Apollonia

LAPIDAR

"O medo das coisas invisíveis é a semente natural daquilo a que todos nós, no nosso íntimo, chamamos religião."

Thomas Hobbes

sábado, 28 de março de 2009

sexta-feira, 27 de março de 2009

O MEU DOMINGO PREFERIDO



Un dimanche après-midi à l'Ile de la Grande Jatte
Georges Seurat

A ESTRADA


Vou começar a ler e depois digo coisas.

LA COMÉDIE (TO THE END)



Blur & Françoise Hardy - La Comédie (To the End)


Tous ces bals masqués (Si peu d'amour)
Du mauvais cinéma (Et tant de haine)
We've been drinking far too much (Si peu d'amour)
And neither of us mean what we say (Et tant de haine)

La comédie du grand amour
Vous ne me ferez paz l'injure de la jouer jusqu'au bout
De me la jouer jusqu'au bout

Pourquoi tant de haine (Si peu d'amour)
C'est un accident de voir (Et tant de haine)
Infatuated only with ourselves (Si peu d'amour)
And neither of us can think straight anymore (Et tant de haine)

You and I collapsed in love
And it looks like we might have made it
Yes it looks like we've made it to the end

La comédie du grand amour
Je ne vous ferai pas l'honneur de la jouer jusqu'au bout
De vous la jouer jusqu'au bout
Si peu d'amour

HONNI SOIT QUI MAL Y PENSE 3

quinta-feira, 26 de março de 2009

HYSTERIA



As she laughed I was aware of becoming involved
in her laughter and being part of it, until her
teeth were only accidental stars with a talent
for squad-drill. I was drawn in by short gasps,
inhaled at each momentary recovery, lost finally
in the dark caverns of her throat, bruised by
the ripple of unseen muscles. An elderly waiter
with trembling hands was hurriedly spreading
a pink and white checked cloth over the rusty
green iron table, saying: "If the lady and
gentleman wish to take their tea in the garden,
if the lady and gentleman wish to take their
tea in the garden ..." I decided that if the
shaking of her breasts could be stopped, some of
the fragments of the afternoon might be collected,
and I concentrated my attention with careful
subtlety to this end.

* *

T.S.Eliot

AQUI QUE NINGUÉM ME LÊ

Diz que as pessoas andam viciadas no twitter. Diz que preguiçosos como eu estão tramados que já nem publicam nada no blog. Diz que este post fica por aqui porque tenho que retwittar uma cena.

TELHADOS DE PARIS


Traseiras do Museu Picasso, Paris, Maio 2005

OS NOSSOS DIAS

terça-feira, 24 de março de 2009

UMA NOTA AUTOBIOGRÁFICA

Nasci em 1976, comecei a aprender a escrever em 1982, entrei na faculdade em 1994.
Cresci em Lisboa perto de uma amoreira que dava - a mim e a quem mais quisesse - amoras que recordo agora como demasiado doces.
Lembro-me de encher os bolsos com essas amoras peganhentas, da mesma forma que me lembro de entrar em casa de um vizinho que tinha uma foto de Marx alinhada com o crucifixo na parede ao fundo da sala.
Mudei-me para o Porto meses depois de Deus marcar um golo através da mão de Maradona. Nunca mais comi amoras directamente de uma amoreira, nunca mais vi Marx e Cristo na mesma sala.

MÃE

Albrecht Dürer- Retrato da Mãe (1514)

STRAWBERRY FIELDS FOREVER



The Beatles - Strawberry Fields (1967)

FIM

Quando eu morrer batam em latas,
Rompam aos saltos e aos pinotes,
Façam estalar no ar chicotes,
Chamem palhaços e acrobatas!

Que o meu caixão vá sobre um burro
Ajaezado à andaluza...
A um morto nada se recusa,
Eu quero por força ir de burro.

Mário de Sá-Carneiro
* *

segunda-feira, 23 de março de 2009

THE KIDS ARE ALRIGHT



The Who - The kids are alright

sexta-feira, 20 de março de 2009

CONVERSA DE SEXTA-FEIRA

George Bernard Shaw - Tenho o prazer e a honra de convidar digno primeiro-ministro para a primeira apresentação da minha peça Pigmaleão. Venha e traga um amigo, se tiver.

William Churchill- Agradeço ao ilustre escritor honroso convite. Infelizmente não poderei comparecer à primeira apresentação. Irei à segunda, se houver.

segunda-feira, 16 de março de 2009

O SONO


Gustave Courbet - O Sono

P.S.- Espero que esta imagem também seja um sucesso em Braga.

SLO FUZZ



Sol Seppy - Slo Fuzz

GERI'S GAME



Geri's Game, 1997 (EUA)

GERÊS


Aldeia de São Miguel, Gerês

FLORES DO MAL

XXIV

Je t'adore à l'égal de la voûte nocturne,
O vase de tristesse, ô grande taciturne,
Et t'aime d'autant plus, belle, que tu me fuis,
Et que tu me parais, ornement de mes nuits,
Plus ironiquement accumuler les lieues
Qui séparent mes bras des immensités bleues.

Je m'avance à l'attaque, et je grimpe aux assauts,
Comme après un cadavre un choeur de vermisseaux,
Et je chéris, ô bête implacable et cruelle!
Jusqu'à cette froideur par où tu m'es plus belle!


* *

Charles Baudelaire

sábado, 14 de março de 2009

LAPIDAR

"Escrever é também não falar. É calar-se. É gritar sem ruído."

Marguerite Duras

O MEU MOINHO PREFERIDO



Le Moulin de la Galette
Pierre-Auguste Renoir

terça-feira, 10 de março de 2009

CONVERSA NUM BANCO DE ESTAÇÃO

-O que veio fazer a Ovar?- Perguntou a rapariga, naquele jeito tão próprio de quem sabe que não vai obter resposta satisfatória.
-Vim ver o mundo. - Respondeu prontamente o senhor.
-A Ovar? Está a brincar comigo...
-Não. Estou a falar muito a sério. Eu não brinco com temas sérios. Que apodreça a minha mão e caía agora aqui no chão, se não estou a falar verdade.
-Ai! Cruz credo! Não diga isso nem a brincar. - E bateu três vezes na madeira em tempos pintada de verde do banco onde sentava o rabo.
-Já lhe disse que vim a Ovar ver o mundo.
-É verdade que Ovar faz parte do mundo. - Sorriu a miúda e mastigou afincadamente a pastilha elástica, como justificando a sua triste piada.
-Há quem diga que sim... - sorriu o homem enquanto procurava algo no bolso interior do casaco sem olhar.

Após um não breve momento de silêncio a miúda rebentou mais um balão da sua pastilha e perguntou com aqueles lábios rosáceos:
- Gostou do que viu?
- Continuo a gostar... - Acendeu o cigarro e desta vez não sorriu.
- Então porque vai embora?
- Quem te disse a ti que vou-me embora? - Soltando uma inquisitória baforada de fumo.
- Ninguém, ninguém, eu é que... - Mastigou apressadamente a pastilha, como se a goma fosse a culpada da estupidez da pergunta.
- Não precisas ficar nervosa.- Levantou-se e começou a caminhar para a sombra, a caminhar para sul.
- E não estou, quem lhe disse que estou? - Respondeu ela dois minutos depois.

Descruzou as pernas e juntou os dois tornozelos bem juntos, rebentou mais um balão tal qual um ponto de exclamação muito mal pontuado.... e ficou calada a ver o homem caminhar até desaparecer na linha do horizonte.

TÃO LAME, TÃO CORNY QUE AS VEZES EU SOU

Tenho dias assim, em que fico a ouvir música como se fosse uma miúda de 13 anos.
Foi isso mesmo que leram, não escrevi miúdo de 13 anos, escrevi miúda de 13 anos, que é para verem o quão lame, o quão corny consigo ser.

POLVOS EM SANTORINI



Oktapodi, 2007 (França)

sexta-feira, 6 de março de 2009

TRY A LITTLE TENDERNESS




Otis Redding - Try a little tenderness