quarta-feira, 3 de setembro de 2008

WELLS vs VERNE



Os dois nomes maiores da ficção científica tinham visões bem diferenciadas do que seria o futuro.
Verne era um apaixonado pela ciência, crente num futuro grandioso para a humanidade assente na glória da máquina; Wells era o oposto, vislumbrava o fim da humanidade submetida à ditadura da ciência, imaginava o homem asfixiado pelas mãos da máquina.

O que terá levado Verne e Wells a entenderem a evolução da ciência de formas tão distintas?
Não será despiciente lembrar que enquanto o primeiro cresceu e viveu numa França capital cultural do mundo que vivia um dos períodos mais profícuos da história da arte europeia, mas que ao mesmo tempo se atrasava a passos largos da pujante e industrializada Grã-Bretanha; já o segundo, filho da moral vitoriana, conhecedor do sofrimento da classe operária num mundo industrializado, ciente inclusive dos perigos ambientais que o progresso acarreta, viveu desde sempre rodeado de máquinas, de vapor, de carvão...

Verne sonhava com as roldanas inglesas, muito provavelmente suspirava de tristeza ao ver uma carroça arrastar-se lentamente pelos verdes campos de França...
Wells olhava das janelas de sua casa o fumo que lhe cobria o céu, tremia enquanto caminhava à sombra das enormes chaminés de tijolo...

Verne levou o homem à Lua, deu a volta ao mundo em 80 dias, criou o Nautilus, viajou até ao centro da terra.
Wells trouxe os marcianos até nós, descobriu a máquina do tempo, lançou bombas atómicas sobre Londres.

Verne e Wells nunca se conheceram, que interessante seria se um dia se tivessem sentado na mesma mesa a discutir o presente a projectar o futuro.
Nunca saberemos o que diriam, mas tenho para comigo que enquanto Wells pediria um copo de Bordéus, Verne seria menino para beber um Earl Grey.

Sem comentários: