Ainda não aderi ao acordo ortográfico e tão cedo não acharei que é óptimo escrever húmido sem "agá" por entre outras inovações deste quilate.
Continuarei a escrever como aprendi porque já será tarde para reaprender a escrever - dizem que burro velho não aprende...
Não sou contra a ideia de simplificação que está inerente no acordo, mas tenho em muito boa conta a etimologia da minha língua, para deixar cair uns "cês", "pês" ou "agás" mudos que sempre dão um ar catita à mesma.
Irei continuar a pronunciar o 'c' em pacto, em facto, tal como irei continuar a dizer rapto.
E um pato, um fato e um rato irão continuar a ser para mim o que sempre foram.
Mas eu sou um gajo que não percebe nada da língua que usa e menos ainda de linguística. Sou um leigo, daqueles bem leigos, whatever that means...
Sinto que ressalvando os conhecedores da língua, donde se destaca logo à partida Vasco Graça Moura, a maioria dos opositores do acordo (e basta ir ao facebook para ver que não são assim tão poucos) é contra apenas e tão só por nacionalismo bacoco.
Há um principio de superioridade portuguesa sobre todos os outros falantes da língua que me repugna (e não escrevi repugna-me, exactamente para irritar suas senhorias).
A língua não é um património nosso. Não fomos nós que a inventamos, foram os nossos antepassados que também são em larga maioria os antepassados dos brasileiros.
Não gosto da ideia da minha língua ser um campo de lide de xenofobias idiotas e gosto ainda menos da ideia de um neo-colonialismo línguistico.
Salazar está morto e enterrado (Getúlio Vargas também), Fernando Pessoa que sempre se recusou a escrever Farmácia sem o seu tão amado Ph continua a dizer tanto a nós como diz a um Goense ou a um Cabo Verdiano, e tem no Brasil o país do mundo com o maior número de pessoanos.
Olhemos para esta situação com outros olhos: conhecem alguma ex-metrópole imperial que adapte a sua ortografia à ortografia de uma ex-colónia do Império? Os ingleses jamais e o Brasil deles é bem maior que o nosso; os Espanhóis até se sentem mal com sotaques dentro da Península quanto mais cederem algo aos argentinos e mexicanos. Quanto aos franceses suponho que preferiam deitar a Torre Eiffel abaixo antes de mudarem um acento que seja na sua língua por causa do Senegal.
Seremos nós os primeiros e por certo não os últimos, o Império algum dia iria morder-nos a mão, estava na cara...
Resta-nos a consolação de que não é para qualquer um e de que é preciso tê-los bem no sítio, para assumir assim perante o mundo, que não somos os maiores dentro da comunidade que fala a nossa língua.
sábado, 16 de janeiro de 2010
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