A minha primeira paixão, muito antes da erudição
Largo da Ópera Serse de Handel.
domingo, 14 de dezembro de 2008
quarta-feira, 12 de novembro de 2008
CARANGUEJOLA
- Ah, que me metam entre cobertores, |
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segunda-feira, 3 de novembro de 2008
segunda-feira, 8 de setembro de 2008
HOJE APETECIA-ME VER O LUAR
Clair de Lune, Claude Debussy
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quarta-feira, 3 de setembro de 2008
WELLS vs VERNE
Os dois nomes maiores da ficção científica tinham visões bem diferenciadas do que seria o futuro.
Verne era um apaixonado pela ciência, crente num futuro grandioso para a humanidade assente na glória da máquina; Wells era o oposto, vislumbrava o fim da humanidade submetida à ditadura da ciência, imaginava o homem asfixiado pelas mãos da máquina.
O que terá levado Verne e Wells a entenderem a evolução da ciência de formas tão distintas?
Não será despiciente lembrar que enquanto o primeiro cresceu e viveu numa França capital cultural do mundo que vivia um dos períodos mais profícuos da história da arte europeia, mas que ao mesmo tempo se atrasava a passos largos da pujante e industrializada Grã-Bretanha; já o segundo, filho da moral vitoriana, conhecedor do sofrimento da classe operária num mundo industrializado, ciente inclusive dos perigos ambientais que o progresso acarreta, viveu desde sempre rodeado de máquinas, de vapor, de carvão...
Verne sonhava com as roldanas inglesas, muito provavelmente suspirava de tristeza ao ver uma carroça arrastar-se lentamente pelos verdes campos de França...
Wells olhava das janelas de sua casa o fumo que lhe cobria o céu, tremia enquanto caminhava à sombra das enormes chaminés de tijolo...
Verne levou o homem à Lua, deu a volta ao mundo em 80 dias, criou o Nautilus, viajou até ao centro da terra.
Wells trouxe os marcianos até nós, descobriu a máquina do tempo, lançou bombas atómicas sobre Londres.
Verne e Wells nunca se conheceram, que interessante seria se um dia se tivessem sentado na mesma mesa a discutir o presente a projectar o futuro.
Nunca saberemos o que diriam, mas tenho para comigo que enquanto Wells pediria um copo de Bordéus, Verne seria menino para beber um Earl Grey.
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terça-feira, 2 de setembro de 2008
DOLCE FARE NIENTE
Back in Business!
De férias já terminadas, com os jogos olímpicos vistos, de volta ao trabalho, ainda sem ter deixado de fumar... Ao menos o Sporting vai na frente.
Basicamente isto é um : Voltei, sabe-se lá até quando.
De férias já terminadas, com os jogos olímpicos vistos, de volta ao trabalho, ainda sem ter deixado de fumar... Ao menos o Sporting vai na frente.
Basicamente isto é um : Voltei, sabe-se lá até quando.
terça-feira, 20 de maio de 2008
SÚPLICA
Agora que o silêncio é um mar sem ondas,
E que nele posso navegar sem rumo,
Não respondas
Às urgentes perguntas
Que te fiz.
Deixa-me ser feliz
Assim,
Já tão longe de ti como de mim.
Perde-se a vida a desejá-la tanto.
Só soubemos sofrer, enquanto
O nosso amor
Durou.
Mas o tempo passou,
Há calmaria...
Não perturbes a paz que me foi dada.
Ouvir de novo a tua voz seria
Matar a sede com água salgada.
* *
Miguel Torga
E que nele posso navegar sem rumo,
Não respondas
Às urgentes perguntas
Que te fiz.
Deixa-me ser feliz
Assim,
Já tão longe de ti como de mim.
Perde-se a vida a desejá-la tanto.
Só soubemos sofrer, enquanto
O nosso amor
Durou.
Mas o tempo passou,
Há calmaria...
Não perturbes a paz que me foi dada.
Ouvir de novo a tua voz seria
Matar a sede com água salgada.
* *
Miguel Torga
VERDE QUE TE QUERO VERDE...
AN IRISH AIRMAN FORESEES HIS DEATH
I know that I shall meet my fate
Somewhere among the clouds above;
Those that I fight I do not hate
Those that I guard I do not love;
My country is Kiltartan Cross,
My countrymen Kiltartan's poor,
No likely end could bring them loss
Or leave them happier than before.
Nor law, nor duty bade me fight,
Nor public men, nor cheering crowds,
A lonely impulse of delight
Drove to this tumult in the clouds;
I balanced all, brought all to mind,
The years to come seemed waste of breath,
A waste of breath the years behind
In balance with this life, this death.
* *
W. B. Yates
PAINT IT BLACK
Um monumento ao Sex, Drugs and Rock and Roll...
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segunda-feira, 19 de maio de 2008
LIVROS PARA A HISTÓRIA
Se o planeta Terra estivesse à beira do desastre, a humanidade em riscos de desaparecer e se só se pudessem salvar 50 livros. Quais seriam os eleitos? Quais foram os livros que marcaram a nossa história? A nossa existência colectiva? Quais são os 50 livros mais importantes da história do homem? Quais são os livros que podem mostrar as gerações futuras tudo o de bom e de mau que somos e fomos?
Este é um desafio que muitos já responderam e outros tantos já pelo menos abordaram. Eu gosto destes desafios, destas coisas que poucos se lembram e que menos ainda se dão ao trabalho de pensar e listar.
Vou fazer a minha escolha, baseada em 3 simples parâmetros:
1º É uma escolha pessoal, com tudo o que isso implica.
2º É uma escolha sustentada na minha percepção da importância histórica dos livros e do seu papel nesta trajectória que começou há muitas luas atrás, na longínqua Suméria quando o homem descobriu a escrita. São os livros que homem nunca poderá esquecer, tanto pelo seu valor histórico como artístico.
3º A ordem da escolha é aleatória, é me absolutamente impossível escolher uma ordem para livros que marcaram tanto o nosso pensar colectivo.
Devo contudo alertar que não li muitos dos livros que vou aqui enumerar, mas não preciso ter lido estes livros para saber o papel fundamental que tiveram até hoje e sempre terão na história da humanidade.
Feitas as ressalvas e as advertências, aqui segue a lista deste tolo, os livros que a humanidade nunca poderá esquecer:
01- História, Heródoto
02- A Ilíada e a Odisseia, Homero
03- A Bíblia
04- A Divina Comédia, Dante
05- O Príncipe, Nicolau Maquiavel
06- A Revolução dos Corpos Celestes, Nicolau Copérnico
07- Dom Quixote, Miguel de Cervantes
08- Princípios Matemáticos da Filosofia Natural, Isaac Newton
09- Candido, Voltaire
10- A Crítica da Razão Pura, Imannuel Kant
11- A Origem das Espécies, Charles Darwin
12- A República, Platão
13- O Processo, Franz Kafka
14- Guerra e Paz, Leo Tolstoi
15- Suma Teológica, São Tomás de Aquino
16- A Utopia, Thomas More
17- A Interpretação dos Sonhos, Sigmund Freud
18- Um Ensaio Sobre o Princípio da População, Thomas Malthus
19- A Minha Luta, Adolf Hitler
20- O Capital, Karl Marx
21- Assim Falou Zaratustra, Friederich Nietzsche
22- O Mundo Como Vontade e Representação, Arthur Schopenhauer
23- O Livro do Desassossego, Fernando Pessoa
24- Meditações, Marco Aurélio
25- Leviatã, Thomas Hobbes
26- O Mediterrâneo e o Mundo Mediterrânico no Tempo de Felipe II, Ferdinand Braudel
27- MacBeth, William Shakespeare
28- A Cidade de Deus, Santo Agostinho
29- Crime e Castigo, Fedor Dostoievsky
30- O Retrato de Dorian Gray, Oscar Wilde
31- O Segundo Sexo, Simone de Beauvoir
32- cinquenta Fábulas de La Fontaine, Jean de La Fontaine
33- Os Miseráveis, Victor Hugo
34- O Elogio da Loucura, Erasmus
35- Novum Organum, Francis Bacon
36- O Discurso do Método, René Descartes
37- A Enciclopédia, Denis Diderot
38- A Riqueza das Nações, Adam Smith
39- O Paraíso Perdido, John Milton
40- Admirável Mundo Novo, Aldous Huxley
41- Noites da Árabia, Sherazade
42- As viagens de Marco Polo, Marco Polo
43- A Eneida, Virgílio
44- Werther, Goethe
45- Um Conto de Duas Cidades, Charles Dickens
46- Moby Dick, Herman Melville
47- O Estrangeiro, Albert Camus
48- Antígona, Sófocles
49- Ulisses, James Joyce
50- A Harmonia do Mundo, Johanes Keppler
Deixei aqui a minha lista e a advertência que amanhã o mais provável é a lista mudar.
Este é um desafio que muitos já responderam e outros tantos já pelo menos abordaram. Eu gosto destes desafios, destas coisas que poucos se lembram e que menos ainda se dão ao trabalho de pensar e listar.
Vou fazer a minha escolha, baseada em 3 simples parâmetros:
1º É uma escolha pessoal, com tudo o que isso implica.
2º É uma escolha sustentada na minha percepção da importância histórica dos livros e do seu papel nesta trajectória que começou há muitas luas atrás, na longínqua Suméria quando o homem descobriu a escrita. São os livros que homem nunca poderá esquecer, tanto pelo seu valor histórico como artístico.
3º A ordem da escolha é aleatória, é me absolutamente impossível escolher uma ordem para livros que marcaram tanto o nosso pensar colectivo.
Devo contudo alertar que não li muitos dos livros que vou aqui enumerar, mas não preciso ter lido estes livros para saber o papel fundamental que tiveram até hoje e sempre terão na história da humanidade.
Feitas as ressalvas e as advertências, aqui segue a lista deste tolo, os livros que a humanidade nunca poderá esquecer:
01- História, Heródoto
02- A Ilíada e a Odisseia, Homero
03- A Bíblia
04- A Divina Comédia, Dante
05- O Príncipe, Nicolau Maquiavel
06- A Revolução dos Corpos Celestes, Nicolau Copérnico
07- Dom Quixote, Miguel de Cervantes
08- Princípios Matemáticos da Filosofia Natural, Isaac Newton
09- Candido, Voltaire
10- A Crítica da Razão Pura, Imannuel Kant
11- A Origem das Espécies, Charles Darwin
12- A República, Platão
13- O Processo, Franz Kafka
14- Guerra e Paz, Leo Tolstoi
15- Suma Teológica, São Tomás de Aquino
16- A Utopia, Thomas More
17- A Interpretação dos Sonhos, Sigmund Freud
18- Um Ensaio Sobre o Princípio da População, Thomas Malthus
19- A Minha Luta, Adolf Hitler
20- O Capital, Karl Marx
21- Assim Falou Zaratustra, Friederich Nietzsche
22- O Mundo Como Vontade e Representação, Arthur Schopenhauer
23- O Livro do Desassossego, Fernando Pessoa
24- Meditações, Marco Aurélio
25- Leviatã, Thomas Hobbes
26- O Mediterrâneo e o Mundo Mediterrânico no Tempo de Felipe II, Ferdinand Braudel
27- MacBeth, William Shakespeare
28- A Cidade de Deus, Santo Agostinho
29- Crime e Castigo, Fedor Dostoievsky
30- O Retrato de Dorian Gray, Oscar Wilde
31- O Segundo Sexo, Simone de Beauvoir
32- cinquenta Fábulas de La Fontaine, Jean de La Fontaine
33- Os Miseráveis, Victor Hugo
34- O Elogio da Loucura, Erasmus
35- Novum Organum, Francis Bacon
36- O Discurso do Método, René Descartes
37- A Enciclopédia, Denis Diderot
38- A Riqueza das Nações, Adam Smith
39- O Paraíso Perdido, John Milton
40- Admirável Mundo Novo, Aldous Huxley
41- Noites da Árabia, Sherazade
42- As viagens de Marco Polo, Marco Polo
43- A Eneida, Virgílio
44- Werther, Goethe
45- Um Conto de Duas Cidades, Charles Dickens
46- Moby Dick, Herman Melville
47- O Estrangeiro, Albert Camus
48- Antígona, Sófocles
49- Ulisses, James Joyce
50- A Harmonia do Mundo, Johanes Keppler
Deixei aqui a minha lista e a advertência que amanhã o mais provável é a lista mudar.
sábado, 17 de maio de 2008
AUSTERLITZ
Desfolhando o livro antes de o ler encontra-se um conjunto de fotografias misteriosas que nos remetem para outro tempo e que a uma primeira observação nos parecem deslocadas da história. Austerlitz é isso mesmo, uma leitura que nos faz sentir essas mesmas deslocações, onde se misturam as referências históricas e a ficção. Falar de Austerlitz e referir as ideias deslocadas, a estranhíssima construção dos parágrafos, o estilo digressivo, é o melhor elogio que podemos dar ao autor. Sebald leva o seu personagem principal (Austerlitz) a percorrer a Europa e as memórias do holocausto, leva-nos a visitar Praga e Theriesenstadt, mostra-nos a diáspora forçada do povo judeu, as vitimas, os sobreviventes, os descendentes. Relembra-nos que em tempos houve uma Europa de campos de concentração e morte. É uma leitura que requer atenção, sensibilidade e gosto pela memória. Só quando se fecha a última página e se sente o que é ser um deslocado, quando a História nos envergonha, é que se percebe todo sentido e o lugar que as misteriosas fotos merecem no coração deste livro.
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LETTERA AMOROSA
I WILL
Acordar num Sábado que não me diz se vai chover ou estar sol...
Radiohead - I Will, in Hail to the thieves
Radiohead - I Will, in Hail to the thieves
sexta-feira, 16 de maio de 2008
A NOITE
WILLIAM BLAKE : A PALAVRA E A IMAGEM
William Blake
(28-12-1757 /12-7-1827)
Londrino, Poeta, Pintor...
Viveu no meio da pobreza, morreu sem reconhecimento.
Foi dos primeiros e sem dúvida alguma, um dos grandes do movimento Romântico.
O seu génio, como em tantos outros casos só foi reconhecido após a sua morte.
Aqui ficam dois exemplos dessa genialidade:
To see a World in a Grain of Sand
And a Heaven in a Wild Flower,
Hold Infinity in the palm of your hand
And Eternity in an hour.
in "Auguries of inocence"
Whirlpool of lovers (Illustration to Dante's Inferno)
Prometo voltar a Blake a devido tempo...
(28-12-1757 /12-7-1827)
Londrino, Poeta, Pintor...
Viveu no meio da pobreza, morreu sem reconhecimento.
Foi dos primeiros e sem dúvida alguma, um dos grandes do movimento Romântico.
O seu génio, como em tantos outros casos só foi reconhecido após a sua morte.
Aqui ficam dois exemplos dessa genialidade:
To see a World in a Grain of Sand
And a Heaven in a Wild Flower,
Hold Infinity in the palm of your hand
And Eternity in an hour.
in "Auguries of inocence"
Whirlpool of lovers (Illustration to Dante's Inferno)
Prometo voltar a Blake a devido tempo...
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INTERROGAÇÃO
Não sei se isto é amor. Procuro o teu olhar,
Se alguma dor me fere, em busca de um abrigo;
E apesar disso, crê! nunca pensei num lar
Onde fosses feliz, e eu feliz contigo.
Por ti nunca chorei nenhum ideal desfeito.
E nunca te escrevi nenhuns versos românticos.
Nem depois de acordar te procurei no leito
Como a esposa sensual do Cântico dos cânticos.
Se é amar-te não sei. Não sei se te idealizo
A tua cor sadia, o teu sorriso terno...
Mas sinto-me sorrir de ver esse sorriso
Que me penetra bem, como este sol de Inverno.
Passo contigo a tarde e sempre sem receio
Da luz crepuscular, que enerva, que provoca.
Eu não demoro a olhar na curva do teu seio
Nem me lembrei jamais de te beijar na boca.
Eu não sei se é amor. Será talvez começo...
Eu não sei que mudança a minha alma pressente...
Amor não sei se o é, mas sei que te estremeço,
Que adoecia talvez de te saber doente.
Camilo Pessanha
Se alguma dor me fere, em busca de um abrigo;
E apesar disso, crê! nunca pensei num lar
Onde fosses feliz, e eu feliz contigo.
Por ti nunca chorei nenhum ideal desfeito.
E nunca te escrevi nenhuns versos românticos.
Nem depois de acordar te procurei no leito
Como a esposa sensual do Cântico dos cânticos.
Se é amar-te não sei. Não sei se te idealizo
A tua cor sadia, o teu sorriso terno...
Mas sinto-me sorrir de ver esse sorriso
Que me penetra bem, como este sol de Inverno.
Passo contigo a tarde e sempre sem receio
Da luz crepuscular, que enerva, que provoca.
Eu não demoro a olhar na curva do teu seio
Nem me lembrei jamais de te beijar na boca.
Eu não sei se é amor. Será talvez começo...
Eu não sei que mudança a minha alma pressente...
Amor não sei se o é, mas sei que te estremeço,
Que adoecia talvez de te saber doente.
Camilo Pessanha
EROTISMO NO ANTIGO TESTAMENTO
Quão belos são os teus pés
nas sandálias que trazes,
ó filha de príncipe!
As colunas das tuas pernas são como anéis
trabalhados por mãos de artista.
o teu umbigo é uma taça arredondada,
que nunca está desprovida de vinho.
O teu ventre é como um monte de trigo
cercado de lírios.
Os teus dois seios são como dois filhinhos gêmeos duma gazela.
O teu pescoço é como uma torre de marfim.
Os teus olhos são como as piscinas de Hesebon,
que estão situadas junto da porta de Bat-Rabim.
O teu nariz é como a torre do Líbano,
que olha para Damasco.
A tua cabeça levanta-se como o monte Carmelo;
os cabelos da tua cabeça são como a púrpura
um rei ficou preso às suas madeixas.
Quão formosa e encantadora és,
meu amor, minhas delícias!
A tua figura é semelhante a uma palmeira.
Eu disse. Subirei à palmeira, e colherei os seus frutos.
Os teus seios serão, para mim,
como cachos de uvas,
e o perfume da tua boca como o das maçãs.
Cântico dos Cânticos 7:1 a 7:13
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Cântico dos Cânticos
STAMFORD BRIDGE
Lamento desiludir quem por engano entrou neste site, mas não vão ler nada sobre o Chelsea.
Mas se estiverem interessados, ao lerem este post vão ficar a saber que antes de ser o nome do estádio dos "blues", Stamford Bridge é nome da mais inconsequente vitória da história britânica. No dia 25 de Setembro de 1066, o exército comandado por Harold (último rei saxão da Inglaterra) derrotou o exército do seu homólogo rei da Noruega perto da cidade de York.
Essa vitória anglo-saxónica, marcou o fim das invasões vikings, que tinham assolado a Grã-Bretanha desde o século VIII, acabando com um periodo de instabilidade política que condenara a ilha a viver uma contínua idade das trevas.
Porém Harold, não teve tempo para grandes festejos e teve que marchar para sul, para ir ao encontro do exército normando que acabara de invadir a ilha.
A 14 de Outubro de 1066, na colina de Senlac (nas cercanias de Hastings) o exército invasor de Guilherme, Duque da Normândia, derrotou as debilitadas forças de Harold e marchou para Londres, onde viria a ser coroado no dia de natal - na Abadia de Westminster - como o primeiro rei de Inglaterra.
Stamford brigde foi mais uma das vitórias de Pirro em que a história é tão fecunda. Nunca ocupará um lugar no coração dos ingleses como Hastings, Agincourt, Waterloo, Somme ou El Alamein ocupam.
Mas será sempre um ponto marcante da história do país, pois foi nesse dia, que a contínua ameaça dos vikings terminou.
Ironicamente, semanas depois de se finalmente derrotarem os inimigos de séculos, seriam derrotados pelos normandos, que eram nem mais nem menos que os descendentes dos vikings que tinham conquistado a Côte Normande, dois séculos antes.
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CONHECER UM LIVRO DE CAPA
Paul Valéry (1871-1945)
Nasceu no ano da derrota francesa às mãos da Prússia e morreu no ano da vitória aliada sobre a Alemanha - coincidências...
Foi escritor, poeta e filósofo, membro da Académie Française.
Célebre ficou o elogio póstumo que fez a M. Proust, assumindo nunca ter precisado de ler o autor, para saber tudo o que tinha que saber sobre a sua obra.
Já sobre o seu discurso sobre Anatole France - que escandalizou a intelectualidade francesa dos anos 20, reza assim a história que podemos encontrar no site da Académie:
"Après la Première Guerre mondiale, la célébrité devait peu à peu élever Paul Valéry au rang de « poète d’État ». Il multiplia dans les années 1920 et 1930 les conférences, voyages officiels et communications de toute sorte, tandis que pleuvaient sur lui les honneurs ; en 1924, il remplaçait Anatole France à la présidence du Pen Club français, et devait encore lui succéder à l’Académie française où il fut élu le 19 novembre 1925, par 17 voix au quatrième tour. Paul Valéry avait d’abord posé sa candidature au fauteuil d’Haussonville, lequel devait être pourvu le même jour, mais s’était ravisé, au dernier moment, sur les conseils de Foch, pour disputer, avec plus de chances estimait-il, à Léon Bérard et Victor Bérard, le fauteuil d’Anatole France. Le discours que devait prononcer Paul Valéry lors de sa réception par Gabriel Hanotaux, le 23 juin 1927, est resté célèbre dans les annales de l’Académie. Valéry, en effet, réussit ce tour de force de faire l’éloge de son prédécesseur sans prononcer une seule fois son nom. On raconte qu’il n’avait pas pardonné à Anatole France d’avoir refusé à Mallarmé la publication de son « Après-midi d’un faune », en 1874, dans Le Parnasse contemporain."
Valéry desmontou a critica literária, deitou por terra os anátemas que infestavam a intelectualidade parisiense, deu um novo sentido ao brilhantismo.
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quinta-feira, 15 de maio de 2008
FAURÉ ET MONET
Continuo sem palavras para descrever a Pavane.
Nunca tive palavras para descrever Monet...
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GRANDES SÃO OS DESERTOS...
Grandes são os desertos, e tudo é deserto.
Não são algumas toneladas de pedras ou tijolos ao alto
Que disfarçam o solo, o tal solo que é tudo.
Grandes são os desertos e as almas desertas e grandes
Desertas porque não passa por elas senão elas mesmas,
Grandes porque de ali se vê tudo, e tudo morreu.
Grandes são os desertos, minha alma!
Grandes são os desertos.
Não tirei bilhete para a vida,
Errei a porta do sentimento,
Não houve vontade ou ocasião que eu não perdesse.
Hoje não me resta, em vésperas de viagem,
Com a mala aberta esperando a arrumação adiada,
Sentado na cadeira em companhia com as camisas que não cabem,
Hoje não me resta (à parte o incômodo de estar assim sentado)
Senão saber isto:
Grandes são os desertos, e tudo é deserto.
Grande é a vida, e não vale a pena haver vida,
Arrumo melhor a mala com os olhos de pensar em arrumar
Que com arrumação das mãos factícias (e creio que digo bem)
Acendo o cigarro para adiar a viagem,
Para adiar todas as viagens.
Para adiar o universo inteiro.
Volta amanhã, realidade!
Basta por hoje, gentes!
Adia-te, presente absoluto!
Mais vale não ser que ser assim.
Comprem chocolates à criança a quem sucedi por erro,
E tirem a tabuleta porque amanhã é infinito.
Mas tenho que arrumar mala,
Tenho por força que arrumar a mala,
A mala.
Não posso levar as camisas na hipótese e a mala na razão.
Sim, toda a vida tenho tido que arrumar a mala.
Mas também, toda a vida, tenho ficado sentado sobre o canto das camisas empilhadas,
A ruminar, como um boi que não chegou a Ápis, destino.
Tenho que arrumar a mala de ser.
Tenho que existir a arrumar malas.
A cinza do cigarro cai sobre a camisa de cima do monte.
Olho para o lado, verifico que estou a dormir.
Sei só que tenho que arrumar a mala,
E que os desertos são grandes e tudo é deserto,
E qualquer parábola a respeito disto, mas dessa é que já me esqueci.
Ergo-me de repente todos os Césares.
Vou definitivamente arrumar a mala.
Arre, hei de arrumá-la e fechá-la;
Hei de vê-la levar de aqui,
Hei de existir independentemente dela.
Grandes são os desertos e tudo é deserto,
Salvo erro, naturalmente.
Pobre da alma humana com oásis só no deserto ao lado!
Mais vale arrumar a mala.
Álvaro de Campos
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