quarta-feira, 30 de dezembro de 2009

AND THE SPIDERMAN IS ALWAYS HUNGRY...




"Come into my parlour", said the spider to the fly... "I have something... "


The Cure - Lullaby (1989)

CRISTO DE SÃO JOÃO DA CRUZ



Cristo de São João da Cruz
Salvador Dali

terça-feira, 29 de dezembro de 2009

2009 DIZ ADEUS

2009 em nove escolhas. Três livros que li, três álbuns que ouvi, três filmes que vi.
Se não leram, ouviram e viram, aproveitem e tornem 2010 um ano melhor.


3 Livros:

Ofício Cantante - Herberto Helder
Caderno Afegão - Alexandra Lucas Coelho
2666 - Roberto Bolaño


3 álbuns:

Merryweather Post Pavilion - Animal Collective
Nobel Beast - Andrew Bird
Keep It Hid - Dan Auerbach


3 filmes:

Gran Torino, de Clint Eastwood
Milk, de Gus Van Sant
A Turma (Entres les Murs), de Laurent Cantet

BUT I NEVER ARGUE A PROVEN REVIEW



Never read Proust\ Seems a little too long\ Never used the hammer\ Without somehow using it wrong

Yo La Tengo - Periodically double or triple (2009)


LAPIDAR


"Ser feliz é viver morto de paixão."


Vinícius de Moraes

segunda-feira, 28 de dezembro de 2009

ENGATE HOMÉRICO

- Olá, como é que te chamas?

- Penélope.

-Penélope? Que giro... Que pena não chamar-me Ulisses.

- Já agora querias que eu estivesse aqui a noite toda a enrolar novelos enquanto não aparecias?

sábado, 26 de dezembro de 2009

DO TEMPO EM QUE O BATÔ FECHAVA COMO DEVIA SER



Belle & Sebastian - The Boy With The Arab Strap (1998)

NOS SEMÁFOROS DA RUA DE SANTA CATARINA


ao menos os teus olhos
permanecem verdes
todo o ano


* *


Jorge de Sousa Braga

HOPPÍPOLLA (Í ENGUM STÍGVÉLUM)*




Sigur Rós - Hoppípolla (2005)





* Saltar em Poças / Sem botas calçadas

LAPIDAR


"Tout vient à point, qui peut attendre"


François Rabelais

quinta-feira, 24 de dezembro de 2009

FELIZ NATAL

A todos que habitualmente perdem tempo a ler-me, sim! Estou a referir-me a vocês os três, desejo um óptimo e Feliz Natal, com tudo de bom e na companhia de quem mais gostam.

quarta-feira, 23 de dezembro de 2009

POP IS POETRY




Blur - Best Days (1994)

Door bells say goodbye to the last train\ Over the river they all go again \Out into leafy nowhere hope someone's waiting out there for them\ Cabbie has his mind on a fare to the sun

He works nights but it's not much fun\ Picks up the London yo-yos
All on their own down Soho\ Take me home

PHILLY


O pôr-do-sol na Main Street de Filadélfia, Maio 2009

LAPIDAR


"De querer ser a creer que se es, ya va la distancia de lo trágico o lo cómico".


José Ortega Y Gasset

sexta-feira, 18 de dezembro de 2009

HEARTBROKEN, IN DISREPAIR



Dan Auerbach - Heartbroken, in Disrepair (2009)

IN MY BEGINNING IS MY END



In my beginning is my end. In succession
Houses rise and fall, crumble, are extended,
Are removed, destroyed, restored, or in their place
Is an open field, or a factory, or a by-pass.
Old stone to new building, old timber to new fires,
Old fires to ashes, and ashes to the earth
Which is already flesh, fur and faeces,
Bone of man and beast, cornstalk and leaf.
Houses live and die: there is a time for building
And a time for living and for generation
And a time for the wind to break the loosened pane
And to shake the wainscot where the field-mouse trots
And to shake the tattered arras woven with a silent motto.

In my beginning is my end. Now the light falls
Across the open field, leaving the deep lane
Shuttered with branches, dark in the afternoon,
Where you lean against a bank while a van passes,
And the deep lane insists on the direction
Into the village, in the electric heat
Hypnotised. In a warm haze the sultry light
Is absorbed, not refracted, by grey stone.
The dahlias sleep in the empty silence.
Wait for the early owl.

In that open field
If you do not come too close, if you do not come too close,
On a summer midnight, you can hear the music
Of the weak pipe and the little drum
And see them dancing around the bonfire
The association of man and woman
In daunsinge, signifying matrimonie—
A dignified and commodiois sacrament.
Two and two, necessarye coniunction,
Holding eche other by the hand or the arm
Whiche betokeneth concorde. Round and round the fire
Leaping through the flames, or joined in circles,
Rustically solemn or in rustic laughter
Lifting heavy feet in clumsy shoes,
Earth feet, loam feet, lifted in country mirth
Mirth of those long since under earth
Nourishing the corn. Keeping time,
Keeping the rhythm in their dancing
As in their living in the living seasons
The time of the seasons and the constellations
The time of milking and the time of harvest
The time of the coupling of man and woman
And that of beasts. Feet rising and falling.
Eating and drinking. Dung and death.

Dawn points, and another day
Prepares for heat and silence. Out at sea the dawn wind
Wrinkles and slides. I am here
Or there, or elsewhere. In my beginning.



* *


T. S. Eliot


sexta-feira, 11 de dezembro de 2009

MY SWEET LORD




George Harrison - My Sweet Lord (1973)

HUMOR BRITÂNICO, BEM SE VÊ


EUA, Argélia e Eslovénia: Melhor grupo inglês desde os Beatles

GOD ONLY KNOWS



The Beach Boys - God Only Knows (1966)

quinta-feira, 10 de dezembro de 2009

QUEM NARIZ, NARIZ... (Who knows, knows...)



Em 2oo3 Sofia Coppola mostrou a quem tinha olhos porque é que o rabo da Scarlet Johansson era uma obra prima da 7ª arte.

ABRO OS OLHOS


abro os olhos e desperto o dia. crio
a explosão do sol cheio sobre
mim. arranco-me à terra que
na noite me lançou raízes
e sacudo-me.
separo os braços, abro
o vento com as unhas. imagino
um voo firme. cumpro o
corpo e outras grandes
mentiras


* *

valter hugo mãe

LUSOBRASILEIRICES - MATRAQUILHOS VERSUS PIMBOLIM

Dunga diz que Portugal é o Brasil B, Queirós responde que o jogo será entre Portugal B e o Brasil C,D ou E; portugueses e brasileiros, ou zucas e tugas conforme as modas desatam a trocar ameaças pouco desportivas em tudo o que fórum ou site na Internet.

Maitê Proença mostra que afinal as anedotas sobre loiras até fazem sentido e cospe nos Jerónimos, os portugueses ficam piores que perus maus e Aqui D'El Rey que a pátria corre perigo e toca a falar que os brasileiros são isto e os brasileiros são aquilo...

Alto e pára o baile! Então quando o humor é a humilhar os norte-americanos ou o Cazaquistão a coisa até tem piada, mas quando a piada é Portugal já não é assim uma coisa com tanta graça?
Então a terrinha não pode ser gozada, mesmo quando mal gozada? E a burra é a Maitê Proença?

Quem me dera que a Maitê Proença queira ir tomar um café comigo quando vier cá à terrinha, e quem me dera que a gente ganhe 3-1 ao Brasil no mundial com golos de Deco, Liedson e Pepe e já agora que o golo deles seja um autogolo do CR9 que por estes dias já é mais castelhano que o Paco Fortes.
Amigos, amigos, negócios à parte...

A verdade é que quem dera a Portugal ser um quinto do país que o Brasil é. Venha quem vier, doa a quem doer. Eles são mais de meio continente, caminham a passos largos para serem 200 milhões, organizam mundiais e olimpíadas, têm diamantes, petróleo, ouro, o maior pulmão do planeta e as maiores reservas de água doce de todo o mundo.
São a 5ª maior economia , têm um Presidente que até o Obama admira, praias fantásticas, um clima abençoado, comida boa, jogam à bola como mais ninguém e têm uma fonte inesgotável de mulheres lindas...

Resta-nos a consolação de que no fim das contas o Brasil há-de ser sempre um imenso Portugal.


terça-feira, 8 de dezembro de 2009

INSTANT KARMA



John Lennon - Instant Karma

LAPIDAR



"Love is the answer and you know that for sure."

John Winston Lennon

Liverpool 9-10-1940 - Nova Iorque 8-12-1980

sexta-feira, 4 de dezembro de 2009

LAPIDAR

"Quanto mais se quer, melhor se quer."


Charles Baudelaire

BARCAROLLE



Jacques Offenbach - Barcarolle (Les contes d'Hoffman)

ANDOU À RODA A TALUDA

Brasil, Costa do Marfim, Coreia do Norte.
Espero enganar-me, mas voltamos para casa mais cedo.

Ó PAI NATAL SE FAZ FAVOR...





All I want for Christmas is she.

UMA VIAGEM DE PRIMEIRA


De ler e chorar por mais....

segunda-feira, 30 de novembro de 2009

BRIANSTORM



Artic Monkeys - Brianstorm (2007)

CIVILIZAÇÃO

A civilizada Suíça toma uma decisão digna da Arábia Saudita ou Iémene.

terça-feira, 3 de novembro de 2009

NICOTINE & GRAVY



Beck - Nicotine & Gravy (1999)

quinta-feira, 8 de outubro de 2009

AQUI EXCLAMA-SE!!!

O que de pior tem Portugal além das modas - felizmente passageiras - e do seguidismo idiota de uma certa pseudo-inteligência que só dá nas vistas por falar mal de outrem, é esta mania peregrina de criar causas que não interessam sequer ao menino Jesus.
Por estes dias - isto passa-lhes - resolveram pegar com o ponto de exclamação e ufanamente clamam contra o pobre sinal de pontuação como se este fosse a causa dos males deste mundo, ou no mínimo da blogosfera.
Duas ou três luminárias baniram os malfadados pontos de exclamação dos seus blogues - com direito a banner e tudo - e a manada foi atrás.
Autos de fé e labéus foram proclamados contra os histéricos deste mundo, e o pobre sinal na opinião dessas iluminadas cabeças prepara-se para deslizar ingloriamente para o caixote do lixo da história da língua.

Por aqui há-de continuar a mania de exclamar, a quem não pode com esse sinal: o meu adeus, obrigado pela companhia, os nossos caminhos separam-se aqui; aos outros: continuai por aqui que eu quando lembrar-me hei-de postar mais alguma coisa.

quarta-feira, 7 de outubro de 2009

CONVERSÃO PELA LEITURA

Palomar, ou como estou cada vez mais calvinista.

terça-feira, 29 de setembro de 2009

WALK IN THE PARK


Um domingo no The National Mall (Maio 2009)

TRUE LOVE WAITS



Radiohead - True Love Waits (2003)



And true love waits

In haunted attics
And true love wins
On lollipops and crisps

OS NOSSOS DIAS


O Primeiro-Ministro italiano com um amigo bronzeado dos Estados Unidos da América.

domingo, 27 de setembro de 2009

INTO THE WILD



Eddie Vedder - Guaranteed (2008)

SERÁ A ASFIXIA DEMOCRÁTICA?

Hoje, dia 27 de Setembro de 2009, desde manhã que um helicóptero ronda os céus em redor de minha casa...

SUGESTÃO DOMINICAL...



Enquanto se vota e não vota, passem pela Fnac, procurem o "Splendour in the Grass" e tenham um belo domingo com a belíssima Natalie Wood pelas mãos do mestre Kazan.


P.S. - E não se esqueçam. Votem com e em consciência.

quinta-feira, 24 de setembro de 2009

quarta-feira, 23 de setembro de 2009

GOOGLE MATCH

Hoje trago três figuras de destaque no nosso país para este campo de liça que é o Google Match. E eis os resultados, tal e qual se apresentam neste dia 23 de Setembro do ano da Graça de 2009:

Jorge Jesus: 6.000.000
Jorge Gabriel: 14.700.000
Macaco Adriano: 112.000

É de notar que apesar de ser-se benfiquista ser uma clara vantagem no que toca à popularidade neste país - vide as capas diárias do jornal A Bola - Jesus perde para Gabriel por mais de 8.000.000 de entradas.

Não deixa de ser surpreendente que os seis milhões só consigam gerar seis mil milhões de referências no Google, enquanto o apresentador da inenarrável e inefável Praça da Alegria - que está no top 5 dos programas mais pruriginosos da nossa televisão há mais de uma década - rebenta com a escala de popularidade e espeta oito a JJ. Digamos que desta vez Jesus foi o Azenha da história; se bem que se nos lembrarmos que foi Gabriel a aparecer de noite a Maria, talvez seja fácil de perceber esta vitória fácil do entertainer lusitano que nem precisou de recorrer à preciosa ajuda da curvilínea Sónia.

Por último convém mencionar a decepcionante prestação de Macaco Adriano. 112.000 entradas é um número de respeito para um símio, mas houve tempos em que este gorila hiper-excitado que se encontrava alegremente detido numa jaula e rodeado de mulheres semi-nuas disputava taco-a-taco, o ranking da popularidade com o também ele pruriginoso, João Baião.

Mas esses tempos passaram e o pobre primata é agora um ilustre desconhecido, remetido para as gavetas de memórias que se consomem mais rápido que um fogo-fátuo...
Resta-lhe a consolação de nem todos se terem esquecido dele.

segunda-feira, 21 de setembro de 2009

COCINAR




Gosto muito de Almodóvar, gosto muito da Penélope, gosto muito de culinária e gastronomia.
E é partindo destes pressupostos que vos faço uma pergunta:
Digam-me se há quem lave pratos, descasque batatas, corte tomates e seja tão belo e resplandecente enquanto o faz, como a Penélope quando é filmada por Almodóvar?

POLITIQUICES

No Watergate à portuguesa quem se lixa é o mexilhão.

LAPIDAR

"O homem nasceu livre e por toda a parte vive acorrentado."

Jean-Jacques Rosseau

domingo, 20 de setembro de 2009

GNOSSIS


Sei exactamente onde gostava de estar neste preciso momento.

sexta-feira, 18 de setembro de 2009

quinta-feira, 17 de setembro de 2009

LA BELLA ITALIA


Presidente estado-unidense na companhia do homólogo francês apreciam as virtudes do Bel Paese, durante a reunião do G8 em L'Aquila, Itália.

COME TOGETHER



Pelos vistos vou andar armado em John, Paul, George e até Ringo. A encomenda está a chegar!

NOCTURNO



Frederic Chopin - Nocturne Op.9 No.2
Arthur Rubinstein (1965)


PASSAMOS PELAS COISAS SEM AS VER





Passamos pelas coisas sem as ver,
gastos, como animais envelhecidos:
se alguém chama por nós não respondemos,
se alguém nos pede amor não estremecemos,
como frutos de sombra sem sabor,
vamos caindo ao chão, apodrecidos.



* *



Eugénio de Andrade

quinta-feira, 10 de setembro de 2009

THE WAY OF THE VASELINES



The Vaselines - Jesus Don't Want Me For a Sunbeam (1988)

quarta-feira, 9 de setembro de 2009

WELCOME BACK

Uma bela surpresa neste regresso à blogosfera aqui.

EMPIRE STATE BUILDING


Nova Iorque, Junho de 2009

REVOLUÇÃO 9



The Beatles - Revolution #9 (1968)

No dia dos noves (09-09-09) - que foi escolhido pela EMI e a Apple Records como sendo o "The Beatles Day" - quando pela primeira vez é lançada em formato digital toda a obra dos quatro de Liverpool, nada melhor que ouvir a música do nove que John Lennon nos legou.
Mais de 40 anos passados continua a ser incompreendida. Será um bluff? Uma obra muito à frente do seu tempo? Um sonho onírico de Lennon? Ou será tudo menos uma música?
Faites vos jeux...

BACK TO THE FUTURE





Sim! Estou de volta.

TU ME FAIS TOURNER LA TÊTE...



Edith Piaf - Mon Mànege a Moi (1956)

LARA



Sempre acreditei que David Lean filmou os olhos de Julie Christie como Boris Pasternak imaginou o olhar de Lara.
Talvez seja um crente por acreditar nestas coisas que não existem, talvez seja um idealista que gosta da ideia de um olhar escrito pelas mãos de um homem possa ser reproduzido fielmente através dos olhos de uma mulher que foram filmados por um outro homem.
Pior do que isso, acredito piamente que o olhar de Lara não pertence a Christie, que ele só existe na película de filme, e ela nunca mais voltou a olhar assim como podem comprovar pelos vossos próprios olhos.

Seja como for, a verdade é que o azul daqueles olhos viciou para sempre a imagem que tenho dos olhos de cada Lara que fui conhecendo ao longo da vida.

É como se em todas elas - não foram assim tantas - houvesse um pouco de Pasternak.

Ok. Nesta nem eu acredito...

terça-feira, 8 de setembro de 2009

LISBOA



Digo:
"Lisboa"
Quando atravesso - vinda do sul - o rio
E a cidade a que chego abre-se como se do meu nome nascesse
Abre-se e ergue-se em sua extensão nocturna
Em seu longo luzir de azul e rio
Em seu corpo amontoado de colinas -
Vejo-a melhor porque a digo
Tudo se mostra melhor porque digo
Tudo mostra melhor o seu estar e a sua carência
Porque digo
Lisboa com seu nome de ser e de não-ser
Com seus meandros de espanto insónia e lata
E seu secreto rebrilhar de coisa de teatro
Seu conivente sorrir de intriga e máscara
Enquanto o largo mar a Ocidente se dilata
Lisboa oscilando como uma grande barca
Lisboa cruelmente construída ao longo da sua própria ausência
Digo o nome da cidade
- Digo para ver


* *


Sophia de Mello Breyner Andresen


segunda-feira, 7 de setembro de 2009

SE NUMA NOITE DE INVERNO


"Às vezes penso na matéria para o livro a escrever como coisa que já existe: pensamentos já pensados, diálogos já pronunciados, histórias já acontecidas, lugares e ambientes já vistos; o livro não devia ser senão o equivalente do mundo não escrito traduzido em escrita. Mas outras vezes julgo compreender que entre o livro a escrever e as coisas que já existem só pode haver uma espécie de complementaridade: o livro devia ser a parte escrita do mundo não escrito; a sua matéria devia ser o que não existe nem poderá existir senão quando for escrito, mas cujo vazio o que existe sente obscuramente na sua imperfeição."


Italo Calvino in Se Numa Noite de Inverno Um Viajante

quarta-feira, 26 de agosto de 2009

I NEVER KISS AND TELL




Stone Temple Pilots - Bing Bang Baby (1996)

sexta-feira, 7 de agosto de 2009

LAPIDAR

"Não passamos de minhocas. Mas acredito ser uma minhoca que brilha."

Winston Churchill

quinta-feira, 6 de agosto de 2009

IVANHOE


Ilustração de J. Cooper para uma das primeiras versões do clássico de Sir Walter Scott

OS NOSSOS DIAS


E na Holanda havia outra vaca...

LIBERDADE




Ai que prazer
Não cumprir um dever,
Ter um livro para ler
E não o fazer!
Ler é maçada,
Estudar é nada.
O sol doira
Sem literatura.

O rio corre, bem ou mal,
Sem edição original.
E a brisa, essa,
De tão naturalmente matinal,
Como tem tempo não tem pressa...

Livros são papéis pintados com tinta.
Estudar é uma coisa em que está indistinta
A distinção entre nada e coisa nenhuma.

Quanto é melhor, quando há bruma,
Esperar por D. Sebastião,
Quer venha ou não!

Grande é a poesia, a bondade e as danças...
Mas o melhor do mundo são as crianças,
Flores, música, o luar, e o sol, que peca
Só quando, em vez de criar, seca.

O mais do que isto
É Jesus Cristo,
Que não sabia nada de finanças
Nem consta que tivesse biblioteca...


* *



Fernando Pessoa

sexta-feira, 31 de julho de 2009

PAPA'S GOT A BRAND NEW PIGBAG



Pigbag - Papa's got a brand new pigbag (1982)

ATTACK, ATTACK, ATTACK: GOAL!!



Sir Robert William Robson
(18 de Feveiro de 1933 - 31 de Julho de 2009)


Nos lugares comuns que "enxameiam" o futebolês em Portugal, há a ideia de dizer que tal pessoa é um gentleman. E se houve gentleman no futebol nacional foi Bobby Robson, que espalhou fair-play e tratou com elevação todos os adversários. Venceu quatro cancros, foi campeão e ganhou a Taça em Portugal pelo FC Porto e na Holanda pelo PSV, ganhou também a FA Cup, ganhou a Taça do Rei, a Taça UEFA com o Ipswich, a Taça das Taças com o Barcelona. Levou a Inglaterra pela 2ª e última vez até hoje a uma meia-final de um campeonato do mundo - para perder nos penaltis com a selecção alemã. No mundial anterior tinha perdido nos quartos de final às mãos de Maradona e do seu golo com a mão, que Robson nunca perdoou.
Treinou entre outros Romário, Figo, Ronaldo, Kostadinov, Balakov, Gascoigne, Lineker, Shearer, Baía, Beardsley, Shilton, Paulo Sousa, Chris Waddle... além de ter lançado José Mourinho como adjunto.
Na sua longa história, foi a demissão de treinador do Sporting (quando liderava o campeonato!) a mancha do seu currículo.
Nunca antes, nunca depois, Robson foi despedido de algum clube. O Sporting entrou na história pessoal deste campeão como o seu maior injusticeiro e ele nunca compreendeu o porquê dessa injustiça.
Curiosamente, os sportinguistas sempre adoraram Robson e sempre sentiram uma enorme mágoa em vê-lo partir. Foi talvez um dos maiores erros da história leonina.
Se o arrependimento matasse...
Mas o que mata é o cancro, e Robson não venceu este quinto combate. Se uma biografia conta que um homem venceu quatro cancros terminais, não precisamos dizer mais nada sobre a força, a coragem e a capacidade de vitória desse homem.
Robson foi um campeão, um champion na melhor tradição dos cavalaria britânica, que viu a Rainha Isabel II reconhece-lo com o título de Knight Bachelor em 2002 por serviços prestados ao Futebol e ao Reino Unido.
Polido, culto, inteligente. Um treinador que aprimorou o verbo atacar. Queria sempre que as suas equipas marcassem sempre mais um golo, era assim Bobby Five'O, ( alcunha que ganhou pelo estranho hábito que as suas equipas tinham de ganhar por 5-0 ) um homem que deixou um legado, um herói que deixa-me hoje genuinamente entristecido.

quinta-feira, 30 de julho de 2009

VERDE

Já que o Sporting nem ao Twente ganha, aqui fica algo verde que há-de vencer sempre:



VERDES SÃO OS CAMPOS


Verdes são os campos,
De cor de limão:
Assim são os olhos
Do meu coração.

Campo, que te estendes
Com verdura bela;
Ovelhas, que nela
Vosso pasto tendes,
De ervas vos mantendes
Que traz o Verão,
E eu das lembranças
Do meu coração.

Gados que pasceis
Com contentamento,
Vosso mantimento
Não no entendereis;
Isso que comeis
Não são ervas, não:
São graças dos olhos
Do meu coração.


* *


Luís Vaz de Camões

O IMPÉRIO DAS LUZES



L'Empire des Lumieres
René Magritte

PAPA-OOM-MOW-MOW



The Trashmen - Surfin' Bird (1963)

terça-feira, 28 de julho de 2009

A FALA ENTRE PARÊNTESIS

Das florestas de Blake aos topos da Ásia
quem, da confusão entre chão e carne
com seu púbis, seu discurso e chamas,
QUEM DEFENDE TEU ROSTO DESTE SUDÁRIO INFERNAL?

Teu nome é Não em cio e som farpados
sinuoso grafito gravado no muro
mudo, contra o tempo
Arfa noturno, o olho do astro na memória

Este é o meu céu: numa bandeira turva
Incendeia seus últimos signos
Te insinua às sombras (que estão nos antros

e subsistem ao gráfico parêntesis:
Flechas ferindo-se no espelho. Reflexos
Dança indefinida


* *

Max Martins

OS NOSSOS DIAS



Nada "silly", esta "season" madeirense.

sexta-feira, 24 de julho de 2009

MÚSICAS QUE DEVIA TER VERGONHA DE UM DIA TER GOSTADO - PARTE II

O prometido é devido, aqui está a segunda parte das "Músicas que devia ter vergonha de um dia ter gostado".


Não consigo olhar pró gajo!

O álbum chamava-se "Wheels are Turnin", o ano era 1985, e aquele olhar esgazeado, aquela cabeleira farta que se mantêm em pé, miraculosamente, sem ajuda de laca, gel ou de qualquer tipo de armação metálica ou em betão, abriram caminho para a ascensão dos REO Speedwagon aos tops mundiais.
"Can't Fight this Feeling" é anos 80 até à medula (excepto alguns dos membros da banda que parecem saídos de um porno dos anos 70).
O vídeo é uma exploração ad nausea de efeitos de gosto dúbio, que não conseguem contudo apagar a fealdade dos membros da banda, e nem por sonhos, em momento algum, disfarçam o ar de "Psycho Killer choninhas" daquele vocalista.





Quero saber o que é o amor

Não é que a música não mereça ser ouvida do príncipio ao fim, mas aconselho vivamente a acelerarem o vídeo até ao minuto (1.24) em que a Musa inspiradora se baba de uma maneira descontrolada - na mais desastrosa tentativa de erotismo na história dos vídeos musicais.
O resto são os mesmos penteados, o típico sofrimento de vocalista de power ballad, imagens avulsas de Nova Iorque (um raro cosmopolitismo) e ainda um inovador toque étnico de um coro de Gospel. Um sucesso garantido!





O Enigma

Este senhor tinha tudo para ser one-hit wonder, mas a verdade é que também é responsável por esta outra pérola (Não se assustem com a respiração!).
The Riddle é um enigma em si, que mistura belos penteados (não me canso de o referir e não venham cá com história que é inveja por causa da minha calvice)com uma estética sem sentido, que mistura arcaísmos com futurismos datados, tambores e flautas com rato mickey e um Enigma que os produtores de Batman deviam por certo processar.





A chama eterna

Aí está uma músiquinha toda lamechas. Mas em abono da minha pessoa devo dizer que as miúdas eram giras.




O irmão Luís

Quando se fala dos anos 80 os Modern Talking vêm sempre à liça, e Brother Louie é um dos singles mais injustamente esquecido do duo Thomas Anders/Diete Bohlen.
Desta vez não vou destacar maravilhas capilares, prefiro falar do Óscar, ou da multidão entusiasta que vibra com a actuação dos senhores.
Convém notar também que este duo tentava contrastar sempre. Se um era loiro, o outro era moreno. Se um vestia de forma informal com jeans e sapatilhas o outro vinha de fatinho reluzente. Se um apertava a camisa até ao pescoço o outro não apertava sequer um botão. Se um tocava guitarra e orgão o outro nem pandeireta tocava.
And it can go on and on...



to be continued...

terça-feira, 30 de junho de 2009

HENRY LEE



Nick Cave & PJ Harvey - Henry Lee

terça-feira, 23 de junho de 2009

LA TERRE EST BLEUE





La terre est bleue comme une orange
Jamais une erreur les mots ne mentent pas
Ils ne vous donnent plus à chanter
Au tour des baisers de s'entendre
Les fous et les amours
Elle sa bouche d'alliance
Tous les secrets tous les sourires
Et quels vêtements d'indulgence
À la croire toute nue.
Les guêpes fleurissent vert
L'aube se passe autour du cou
Un collier de fenêtres
Des ailes couvrent les feuilles
Tu as toutes les joies solaires
Tout le soleil sur la terre
Sur les chemins de ta beauté.


* *


Paul Éluard


sexta-feira, 19 de junho de 2009

ESPELHO


Vista do Reservátorio Jaqueline Kennedy Onassis no Central Park, Nova Iorque
Junho 2009

RETURN

Foram férias, foram passeios, foram variadas preguiças.

Acabou-se a viagem e o desmame da mesma, volto a viajar no blogue.

domingo, 24 de maio de 2009

DESMAYARSE, ATREVERSE


Desmayarse, atreverse, estar furioso,
áspero, tierno, liberal, esquivo,
alentado, mortal, difunto, vivo,
leal, traidor, cobarde y animoso;

no hallar fuera del bien centro y reposo,
mostrarse alegre, triste, humilde, altivo,
enojado, valiente, fugitivo,
satisfecho ofendido receloso;

huir el rostro al claro desengaño,
beber veneno por licor suave,
olvidar el provecho, amar el daño;

creer que el cielo en un infierno cabe,
dar la vida y el alma a un desengaño,
esto es amor: quien lo probó lo sabe.


* *


Lope de Vega

quinta-feira, 21 de maio de 2009

STOP ALL THE CLOCKS



Stop all the clocks, cut off the telephone,
Prevent the dog from barking with a juicy bone,
Silence the pianos and with muffled drum
Bring out the coffin, let the mourners come.

Let aeroplanes circle moaning overhead
Scribbling on the sky the message He Is Dead,
Put crepe bows round the white necks of the public doves,
Let the traffic policemen wear black cotton gloves.

He was my North, my South, my East and West,
My working week and my Sunday rest,
My noon, my midnight, my talk, my song;
I thought that love would last for ever: I was wrong.

The stars are not wanted now: put out every one;
Pack up the moon and dismantle the sun;
Pour away the ocean and sweep up the wood.
For nothing now can ever come to any good.



* *


W.H. Auden

sexta-feira, 15 de maio de 2009

LET DOWN



Radiohead - Let Down (1997)

RIO HOMEM



Rio Homem, Gerês, Maio 2007

MÚSICAS QUE DEVIA TER VERGONHA DE UM DIA TER GOSTADO

Todos nós cometemos erros que mais cedo ou mais tarde, durante o decorrer da vida nos arrependemos. Tanto podem ser penteados desastrosos, como camisolas aos losangos ou aquele triste dia em que festejamos um golo do Benfica. São coisas que acontecem e não temos que nos envergonhar disso.


Ai Ai Ai Ai Ai Ai


Em 1984 as ondas do éter foram inundadas por um "ai ai ai ai" (Que deixou marcas em Portugal) que pôs meio mundo a ganir lamechamente o refrão do sucesso planetário de Jim Diamond "I Should Have Known Better".
Eu não era excepção, além de gostar dos 3 Duques e de assistir com frequência aos programas de Luís Pereira de Sousa, também cantarolava aquele ai ai ai ai ai ai ae pleno pulmões, sentia a dor do rapaz, pois estava convicto que quem tanto gania assim, só podia estar muito magoado, e como tal merecia toda a minha solidariedade...




Agora é que nada nos pára!


Se andasse metido nas drogas, ou a abusar fortemente de Caprissone de Maçã de prazo ultrapassado e provavelmente fermentado, ainda teria uma desculpa para gostar disto... mas lamentavelmente não tenho nenhuma desculpa.





O Amor muda tudo. Não duvides disso!


Um vídeo a preto e branco dava um toque de classe bastante incomum nos coloridos anos 80. Uma morena com umas curvas bem interessantes também devia ajudar. Um cantor com um penteado catita, e que cantava encostado a uma parede com um ar cool, enquanto torcia uma espécie de toalha e dançava com a sua camisola caviada e ainda mostrava os músculos. Um cenário que fazia lembrar uma cidade abandonada do Wild Wild West. Um coro feminino que surgia amiúde a cantar e a dançar. O próprio nome Climie Fisher, parecem ser tudo boas razões para se gostar da música em idos de 88.
Mas eu gostava mesmo era da música...




A evolução nacional


Há quem não goste de dar o braço a torcer e não reconheça que Portugal evoluiu e não foi pouco nos últimos 25 anos.
Percam 3:49 da vossa vida (mas vão perder mesmo, ficam já avisados) e confirmem com os vossos próprios olhos, que entre a Nelly Furtado que Portugal produzia nos 80's e a Promiscuous Girl dos nossos dias, vai todo um mundo de diferença...








Morreu nos braços dela. Ninguém lhe manda pensar com as mãos em vez da cabeça.


"Oh I, I just died in your arms tonight, it must have been something you said" Esta letra sempre se me apresentou como um enigma. O que terá ela dito? Terá sido grave, porque o rapaz não pára de cantar "I should have walked away".
Toda a letra, é um mar de pistas que fariam as delicias do inspector Varatojo ou mesmo do próprio Hercule Poirot.
Certo e sabido, é que o próprio afirma peremptoriamente que: " I follow my hands, not my head, I knew I was wrong."
E quando é o próprio que o diz, não são precisas mais explicações.

Quanto à música? Olha... é mais uma para lista.




Eu preciso te falar (como é que vou explicar isto?)


Last but not least, apresento a música mais azeiteira que alguma vez gostei. Não há nenhuma explicação racional ou lógica para gostar disto. Pior do que isso, não há se quer irracionalidade que o justificasse...





To be continued...

quinta-feira, 14 de maio de 2009

DE PROFUNDIS


Durante estes dias de ausência voltei a ler o De Profundis de Oscar Wilde. Tal e qual como quando o li pela primeira vez algures entre 1999 e 2000 continua a tocar-me com a sua tristeza e melancolia.
Dez anos depois continuo a acha-lo profundamente triste na forma como Wilde demonstra a descrença que naquele momento sentia pelo mundo e a sociedade que o rodeava.
É contudo uma tristeza serena, sem sombra de contestação. Há como que uma aceitação de um desingnio que emana das palavras do autor.

mas apesar de toda esta melaconlia e tristeza, o De Profundis não deixa de ser um manifesto onde Wilde em momento algum hesita em demonstrar o amor que tem pela vida e por aqueles que tanto ama ou amou, inclusive fazendo questão de lembrar que a felicidade existe, que ele já a viveu, e que pode ainda voltar a vive-la.

No De Profundis não há a maravilhosa literatura de Wilde dos contos e das peças, não há mais do que alguns lampejos do brilhante escritor que aqui se despe de toda a sua pomposidade para assumir uma sinceridade comovente, que transforma esta carta de amor no escrito mais intimo que se conhece do autor irlandês.

É nesta carta cheia de saudade, de arrependimento, de culpa, onde o autor não tenta esconder a sua fraqueza e o seu sofrimento, que Wilde deixa o seu charme literário de lado - mas não a sua intelectualidade e cultura literária- e limpa o seu discurso de qualquer máscara.

É uma carta de amor, e se bem que Pessoa nos tenha alertado sobre o tema, aqui Wilde não quer encantar, não quer ser alvo de pena, por certo não esperava que tantos algum dia lessem, e acima de tudo, em momento algum, escreve de forma ridícula.

É uma carta de amor, repito. Um desabafo sincero (maravilhoso!), onde um homem genial confessa de que mais do que estar cansado do mundo, está irremediavelmente cansado de esperar que o mundo possa ser o que ele gostaria que fosse.

"Suffering is one very long moment. We cannot divide it by seasons. We can only record its moods, and chronicle their return. With us time itself does not progress. It revolves. It seems to circle round one centre of pain. The paralysing immobility of a life every circumstance of which is regulated after an unchangeable pattern, so that we eat and drink and lie down and pray, or kneel at least for prayer, according to the inflexible laws of an iron formula: this immobile quality, that makes each dreadful day in the very minutest detail like its brother, seems to communicate itself to those external forces the very essence of whose existence is ceaseless change. Of seed-time or harvest, of the reapers bending over the corn, or the grape gatherers threading through the vines, of the grass in the orchard made white with broken blossoms or strewn with fallen fruit: of these we know nothing and can know nothing.
"


Oscar Wilde in "De Profundis"

A RUSH AND A PUSH AND THE LAND IS OURS



The Smiths - A Rush and a Push and the land is ours (1987)

Underrated é o adjectivo perfeito na língua inglesa para definir esta perola dos The Smith.

sexta-feira, 8 de maio de 2009

OS NOSSOS DIAS



Estes são os dias do Barcelona, da magia em Madrid, da pior arbitragem da história da Liga dos Campeões dias depois. Estes são os dias em que o mundo se apaixona por uma equipa ao ponto de lhe perdoar vitórias só possíveis pela benevolência do apito.

Imagino o que diria o mundo se o Barcelona fosse eliminado e tivessem ficado por assinalar 4 grandes penalidades a seu favor...

Foi justiça divina? Foi justiça cósmica? Foi Futebol?

Visca el Barça, e o Senhor Abramovich que meta as mesmas rolhas que serviram aos de Madrid.

terça-feira, 5 de maio de 2009

WE ARE THE PEOPLE



Empire Of The Sun - We are the people (2009)

segunda-feira, 4 de maio de 2009

SÊ PACIENTE

Sê paciente; espera
que a palavra amadureça
e se desprenda como um fruto
ao passar o vento que a mereça.



* *


Eugénio de Andrade

domingo, 3 de maio de 2009

MÃES



No sorriso louco das mães batem as leves
gotas de chuva. Nas amadas
caras loucas batem e batem
os dedos amarelos das candeias.
Que balouçam. Que são puras.
Gotas e candeias puras. E as mães
aproximam-se soprando os dedos frios.
Seu corpo move-se
pelo meio dos ossos filiais, pelos tendões
e órgãos mergulhados,
e as calmas mães intrínsecas sentam-se
nas cabeças filiais.
Sentam-se, e estão ali num silêncio demorado e apressado,
vendo tudo,
e queimando as imagens, alimentando as imagens,
enquanto o amor é cada vez mais forte.
E bate-lhes nas caras, o amor leve.
O amor feroz.
E as mães são cada vez mais belas.
Pensam os filhos que elas levitam.
Flores violentas batem nas suas pálpebras.
Elas respiram ao alto e em baixo. São
silenciosas.
E a sua cara está no meio das gotas particulares
da chuva,
em volta das candeias. No contínuo
escorrer dos filhos.
As mães são as mais altas coisas
que os filhos criam, porque se colocam
na combustão dos filhos, porque
os filhos estão como invasores dentes-de-leão
no terreno das mães.
E as mães são poços de petróleo nas palavras dos filhos,
e atiram-se, através deles como jactos
para fora da terra.
E os filhos mergulham em escafandros no interior
de muitas águas,
e trazem as mães como polvos embrulhados nas mãos
e na agudeza de toda a sua vida.
E o filho senta-se com a sua mãe à cabeceira da mesa,
e através dele a mãe mexe aqui e ali,
nas chávenas e nos garfos.
E através da mãe o filho pensa
que nenhuma morte é possível e as águas
estão ligadas entre si
por meio da mão dele que toca a cara louca
da mãe que toca a mão pressentida do filho.
E por dentro do amor, até somente ser possível
amar tudo,
e se possível tudo ser reencontrado por dentro do amor.

* *

Herberto Helder

sexta-feira, 1 de maio de 2009

PROFOUNDLY INLOVE WITH PANDORA...

Como é que com esta tresloucada mania de reviver e recuperar tudo o que havia nos anos 80, se esquecem deste senhor?
Haja decoro! Vão buscar cada resto de digestão mal processada como se fosse o Santo Graal e depois nem se lembram da existência deste diário secreto?
Oh My, Oh My...



The secret diary of Adrian Mole

quinta-feira, 30 de abril de 2009

LE PETIT PRINCE


Disclaimer: Quem gostou de ler "O Principezinho" por favor não passe deste parágrafo.

O aviso está feito, obrigado.



Quando era miúdo li o Principezinho e além de não ter compreendido muito bem o alcance da história, achei que era um livro assim meio chato, desinteressante, se bem que nesses tempos por certo não adjectivasse as coisas desta forma.

Os anos passaram e à minha volta acumulavam-se os elogios à obra de Saint-Exupéry, o que eu não compreendia muito bem, mas que ia relevando, tendo em conta que tinha lido o livro em tenra idade e que na altura nem sequer o tinha entendido lá muito bem.

Em 2007, por motivos profissionais passei a lidar diariamente com literatura infantil, e a história do pequeno príncipe revelou-se para minha surpresa ser um verdadeiro best-seller imune a qualquer crise ou a passagem do tempo.

Intrigado com tanta alusão ao livro, além de tantos exemplos de manifesta devoção pelo seu conteúdo que diariamente ia conhecendo, resolvi ir reler a obra, convencido que estava, que o meu desinteresse pela Majestade da literatura infantil se devia a um misto de má-vontade com um desconhecimento que só se pode condenar em alguém que se acha versado em termos literários.

...

Li o livro e só me apetecia bater com ele na cabeça. Como é que voltei a perder tempo com aquela chachada?

Os primeiros instintos por norma estão certos. Um dia hei-de teorizar aqui sobre essa matéria, defendendo que a alta percentagem de decisões correctas que se tomam por instinto é talvez uma das mais importantes armas que a evolução legou não só a nossa como as outras espécies.

Aos 8/9 anos equipado que estava com esse instinto certeiro, era óbvio que já tinha o discernimento necessário para saber que o principezito comparado com outros livros que já lera até então era uma valente seca, como além do mais, já tinha solidificado suficientemente o bom gosto para poder considerar a história do principezinho como sendo absurda e profundamente idiota, não obstante ainda me deliciar com desenhos animados de gosto duvidoso como a Candy Candy.

Hoje, passados todos estes anos, e uma segunda leitura, não tenho muito mais a acrescentar.
Apenas gostaria de apresentar um pedido desculpa ao Charles Darwin por ter tentado contrariar o meu instinto primário, e um enorme, gigantesco pedido de desculpas ao Pedro que tinha 8/9 por não ter levado a sério o que ele tinha dito, e por ter posto em causa o seu discernimento.

quarta-feira, 29 de abril de 2009

INJUSTIÇAS DIVINAS




Casos de gripe suína detectados em Israel dão que pensar sobre o sentido de humor daquele Senhor de quem é suposto nunca se pronunciar o nome.

EXPULSÃO DOS DEMÓNIOS


detalhe da Expulsão dos demónios de Arezzo (1295-1300)
Giotto

fresco na Igreja de São Franciso, Assis, Itália

FÉERICA



Santorini
Agosto 2008

CREPUSCULAR



Há no ambiente um murmúrio de queixume,
De desejos de amor, d'ais comprimidos...
Uma ternura esparsa de balidos,
Sente-se esmorecer como um perfume.

As madressilvas murcham nos silvados
E o aroma que exalam pelo espaço,
Tem delíquios de gozo e de cansaço,
Nervosos, femininos, delicados.

Sentem-se espasmos, agonias d'ave,
Inapreensíveis, mínimas, serenas...
--- Tenho entre as mãos as tuas mãos pequenas,
O meu olhar no teu olhar suave.

As tuas mãos tão brancas d'anemia...
Os teus olhos tão meigos de tristeza...
--- É este enlanguescer da natureza,
Este vago sofrer do fim do dia.


* *



Camilo Pessanha


ZOOROPA



Esta foi a música que deu nome ao último albúm dos u2: Zooropa.

Há quem diga que eles continuaram e gravaram mais coisas, mas não acreditem nisso.
Obviamente que foram raptados por extra-terrestres e prontamente substituídos por uns look-alikes que vacilam indecisos entre fazer rockalhadas à Offspring ou melodias a la Ronan Kittin...

terça-feira, 28 de abril de 2009

É A GRIPE, ESTÚPIDO!

Até ao momento em que escrevo este post já faleceram em todo o mundo desde o aparecimento da pandemia 107 pessoas com a so called gripe suína (outros chamam de mexicana).

O mundo entrou em alvoroço, havendo já quem faça comparações com a gripe espanhola de 1918...

Entretanto a Organização Mundial de Saúde informou recentemente que DIARIAMENTE morrem por todo o mundo cerca de 5500 CRIANÇAS com diarreia.

Mas tal facto não é alarmista e pelos vistos também não é catastrofista. Não chama a atenção de ninguém.
Provavelmente porque sempre foi assim, e porque sempre assim será...

SPREE



Berlim, Agosto 2007

HERÓIS DESENHADOS




Roger Ramjet and his Eagles, fighting for our freedom.
Fly through and in outer space, not to join him but to beat him.

UNCERTAIN SMILE



The The - Uncertain Smile (1983)

OS NOSSOS DIAS