quinta-feira, 29 de janeiro de 2009

AMIGOS

AMIGOS

Amigos cento e dez, e talvez mais
Eu já contei! Vaidades que eu sentia!
Pensei que sobre a terra não havia
Mais ditoso mortal entre os mortais.

Amigos cento e dez, tão serviçais,
Tão zelosos das leis da cortesia,
que eu já farto de os ver, me escapulia,
Ás suas curvaturas vertebrais.

Um dia adoecia profundamente,
Ceguei. Dos cento e dez, houve um somente
Que não desfez os laços quase rotos.

-Que vamos nós (diziam) lá fazer?
Se ele está cego, não nos pode ver…
-Que cento e nove impávidos marotos!


Camilo Castelo Branco

* *

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