"Se na nossa cidade há muito quem troque o b por v, há pouco quem troque a liberdade pela servidão."
Almeida Garrett
segunda-feira, 27 de setembro de 2010
segunda-feira, 10 de maio de 2010
LAPIDAR
Es infantil impacientarse; la misericordia de Hitler es ecumenica; en breve (si no lo estorban los vendepatrias y los judios) gozaremos de todos los beneficios de la tortura, de la sodomia, del estupro y de las ejecuciones en masa.
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quinta-feira, 15 de abril de 2010
O MOSQUITO
When did you start your tricks,
Monsieur ?
What do you stand on such high legs for ?
Why this length of shredded shank,
You exaltation ?
Is it so that you shall lift your centre of gravity upwards
And weigh no more than air as you alight upon me,
Stand upon me weightless, you phantom ?
I heard a woman call you the Winged Victory
In sluggish Venice.
You turn your head towards your tail, and smile.
How can you put so much devilry
Into that translucent phantom shred
Of a frail corpus ?
Queer, with your thin wings and your streaming legs
How you sail like a heron, or a dull clot of air,
A nothingness.
Yet what an aura surrounds you ;
Your evil little aura, prowling, and casting a numbness on my mind.
That is your trick, your bit of filthy magic :
Invisibility, and the anæsthetic power
To deaden my attention in your direction.
But I know your game now, streaky sorcerer.
Queer, how you stalk and prowl the air
In circles and evasions, enveloping me,
Ghoul on wings
Winged Victory.
Settle, and stand on long thin shanks
Eyeing me sideways, and cunningly conscious that I am aware,
You speck.
I hate the way you lurch off sideways into air
Having read my thoughts against you.
Come then, let us play at unawares,
And see who wins in this sly game of bluff,
Man or mosquito.
You don’t know that I exist, and I don’t know that you exist.
Now then !
It is your trump,
It is your hateful little trump,
You pointed fiend,
Which shakes my sudden blood to hatred of you :
It is your small, high, hateful bugle in my ear.
Why do you do it ?
Surely it is bad policy.
They say you can’t help it.
If that is so, then I believe a little in Providence protecting the innocent.
But it sounds so amazingly like a slogan,
A yell of triumph as you snatch my scalp.
Blood, red blood
Super-magical
Forbidden liquor.
I behold you stand
For a second enspasmed in oblivion,
Obscenely estasied
Sucking live blood,
My blood.
Such silence, such suspended transport,
Such gorging,
Such obscenity of trespass.
You stagger
As well as you may.
Only your accursed hairy frailty,
Your own imponderable weightlessness
Saves you, wafts you away on the very draught my anger makes in its snatching.
Away with a pæan of derision,
You winged blood-drop.
Can I not overtake you ?
Are you one too many for me,
Winged Victory ?
Am I not mosquito enough to out-mosquito you?
Queer, what a big stain my sucked blood makes
Beside the infinitesimal faint smear of you !
Queer, what a dim dark smudge you have disappeared into !
* *
D.H. Lawrence
sexta-feira, 26 de março de 2010
REVOLVER
Isobel Campbell & Mark Lanegan - Revolver (2006)
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quinta-feira, 25 de março de 2010
YOU SAID YOU'D NEVER COMPROMISE
You never turned around to see the frowns on the jugglers and the clowns
When they all come down and did tricks for you
You never understood that it ain't no good
You shouldn't let other people get your kicks for you
You used to ride on the chrome horse with your diplomat
Who carried on his shoulder a Siamese cat
Ain't it hard when you discover that
He really wasn't where it's at
After he took from you everything he could steal.
How does it feel
How does it feel
To be on your own
With no direction home
Like a complete unknown
Like a rolling stone ?
When they all come down and did tricks for you
You never understood that it ain't no good
You shouldn't let other people get your kicks for you
You used to ride on the chrome horse with your diplomat
Who carried on his shoulder a Siamese cat
Ain't it hard when you discover that
He really wasn't where it's at
After he took from you everything he could steal.
How does it feel
How does it feel
To be on your own
With no direction home
Like a complete unknown
Like a rolling stone ?
domingo, 21 de março de 2010
HOJE É DIA DE TAÇA CARLSBERG
Desejo-vos boas árvores e bons poemas.
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sábado, 20 de março de 2010
VARIAÇÕES SOBRE UM CORPO
Dá a surpresa de ser.
É alta, de um louro escuro.
Faz bem só pensar em ver
Seu corpo meio maduro.
Seus seios altos parecem
(Se ela estivesse deitada)
Dois montinhos que amanhecem
Sem ter que haver madrugada.
E a mão do seu braço branco
Assenta em palmo espalhado
Sobre a saliência do flanco
Do seu relevo tapado.
Apetece como um barco.
Tem qualquer coisa de gomo.
Meu Deus, quando é que eu embarco?
Ó fome, quando é que eu como?
* *
Fernando Pessoa
sexta-feira, 19 de março de 2010
EU CÁ É QUE NÃO PAGO!
Havia uma senhora que queria ser deputada. Havia um partido com vagas por preencher para celebridades nas suas listas de candidatos ao Parlamento. Essa senhora vivia em Paris, o partido achou por bem candidata-la pelo círculo eleitoral de Lisboa, ela não se importou, os lisboetas também não.
Agora sempre que quer ir para casa passar o fim-de-semana a senhora tem de gastar um balúrdio em viagens e coitada, como muito boa gente pode compreender, quer que seja o parlamento a pagar a factura.
P.S.- Dá próxima vez o problema resolve-se facilmente, já que é emigrante, basta que a senhora se candidate pelo circuito da emigração. Porventura será chato ter que assistir a concertos do Tony Carreira no Olympia ou gramar com jogos entre o Lusitanos de Saint Maur e a casa do Benfica de Carcassone.
Bem sei que não é a mesma coisa que ir ver uns Renoir ao D'Orsay ou passear por Saint-Germain-des-Prés, mas faça lá um esforço, pela nação e já agora pelos lisboetas que a elegeram.
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segunda-feira, 15 de março de 2010
FELIZMENTE NO SENTIDO INVERSO DO MUNDO...
... após ir à consulta médica e ouvir um luminoso "você está mais gordo não está?" (smiles)
O PROFESSOR E A HISTÓRIA
Marcelo é o caso paradigmático de quem tinha tudo para ser tudo e que no fim da história acaba por não ser nada.
É sabido que os heróis encontram a história da mesma maneira que a história encontra os seus heróis, mas decididamente Marcelo não quer nada com a história. Mais uma vez o Professor tinha o palco, tinha os apoios, tinha a onda, a vaga de fundo, tinha a expectativa, o olhar do partido e do próprio país, enfim, voltava a ter a história do seu lado:
Rangel desistia , Aguiar Branco voltava para a Invicta e Passos Coelho para a toca, mas não...
Marcelo - que proferiu mais uma vez o melhor discurso do fim-de-semana - abriu alas para Passos Coelho ou Rangel sucederem a Ferreira Leite.
Marcelo que já era professor quando Durão ainda era arruaceiro, Marcelo que já era PSD quando Cavaco ainda andava em Inglaterra, Marcelo que já era líder do Partido quando Santana ainda tinha cabelo comprido, Marcelo que já colava cartazes ao lado de Helena Roseta quando Passos Coelho ainda jogava ao berlinde, Marcelo que já era uma figura destacada no mundo académico antes de Aguiar Branco ser destaco na concelhia do PSD Porto, Marcelo que já era um comentador televisivo veterano antes de Rangel inscrever-se no partido; Marcelo que tinha tudo volta a ter nada, e quanto ao resto? Bem, quanto ao resto o PSD promete ser menos social-democrata...
É sabido que os heróis encontram a história da mesma maneira que a história encontra os seus heróis, mas decididamente Marcelo não quer nada com a história. Mais uma vez o Professor tinha o palco, tinha os apoios, tinha a onda, a vaga de fundo, tinha a expectativa, o olhar do partido e do próprio país, enfim, voltava a ter a história do seu lado:
Rangel desistia , Aguiar Branco voltava para a Invicta e Passos Coelho para a toca, mas não...
Marcelo - que proferiu mais uma vez o melhor discurso do fim-de-semana - abriu alas para Passos Coelho ou Rangel sucederem a Ferreira Leite.
Marcelo que já era professor quando Durão ainda era arruaceiro, Marcelo que já era PSD quando Cavaco ainda andava em Inglaterra, Marcelo que já era líder do Partido quando Santana ainda tinha cabelo comprido, Marcelo que já colava cartazes ao lado de Helena Roseta quando Passos Coelho ainda jogava ao berlinde, Marcelo que já era uma figura destacada no mundo académico antes de Aguiar Branco ser destaco na concelhia do PSD Porto, Marcelo que já era um comentador televisivo veterano antes de Rangel inscrever-se no partido; Marcelo que tinha tudo volta a ter nada, e quanto ao resto? Bem, quanto ao resto o PSD promete ser menos social-democrata...
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domingo, 14 de março de 2010
segunda-feira, 8 de março de 2010
OUVIDO NO CAFÉ
He's so pale! [diz um] I think the kid needs an enema. [responde a outra}
Ouvido hoje de manhã pelas 08h30 com estes meus ouvidos branquinhos numa mesa ao lado da minha no Café Piolho da boca de um casal inglês que falava com sotaque do Yorkshire (ok, está parte é treta).
Ouvido hoje de manhã pelas 08h30 com estes meus ouvidos branquinhos numa mesa ao lado da minha no Café Piolho da boca de um casal inglês que falava com sotaque do Yorkshire (ok, está parte é treta).
domingo, 7 de março de 2010
sábado, 6 de março de 2010
sexta-feira, 5 de março de 2010
NO QUE TOCA A DECAPITADOS... (UMA ANÁLISE FUTEBOLEIRA)
Tríptico de São João Baptista e São João Evangelista (detalhe da tela da esquerda)
Hans Memling
1479
Salóme com a cabeça de São João Baptista
Caravaggio
(c.1607)
No que toca a decapitados é minha modesta opinião que Caravaggio ganha 4-2 a Memling mas só após prolongamento.
Convém contudo lembrar que neste jogo de decapitados, aos 107 minutos o alemão ( naturalizado holandês) teve um golo mal anulado que podia ter virado a sorte do jogo.
Com a partida ferida de ilegalidade e o resultado viciado (queremos os meios tecnológicos na pintura, já!!), veio ao de cima a experiência e sangue frio do italiano que seguríssimo na defesa - fiel ao catenaccio, apesar dos barroquismos - conseguiu aguentar a pressão do ilustre representante da escola holandesa e num contra-ataque fulminante ainda marcou um quarto golo que lhe permitiu levar a taça para casa.
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quarta-feira, 3 de março de 2010
O QUE SABIA EU SOBRE SALÓNICA?
(Capa da versão inglesa do Livro. A versão portuguesa é da editora Pedra da Lua)
Sabia que Salónica era uma cidade do norte da Grécia, banhada pelo Egeu, que ficava perto da Bulgária e não muito longe da Turquia e da Macedónia.
Sabia que era a segunda cidade do país, que tinha sido fundada por Filipe II - pai de Alexandre o Grande - com o nome de Tessalónica, celebrando a vitória (nike) dos macedónios sobre os tessálios.
Sabia que São Paulo tinha passado por lá e deixado para a posteridade as duas famosas epístolas aos tessalonicenses.
Já tinha ouvido falar da baía e tinha visto imagens da famosa Torre Branca.
Sabia que tinha sido um dos principais portos de refugio dos judeus portugueses e espanhóis aquando da expulsão destes da Península Ibérica. Sabia também que a cidade tinha pertencido ao Império Otomano e inclusive tinha lido recentemente que Mustafa Kemal Atatürk tinha nascido na cidade durante o domínio da Sublime Porta.
Sabia ainda que em Salónica existem dois clubes famosos na Grécia: o PAOK e o Aris.
Mas além de saber umas coisas, achava...
Achava por exemplo que Salónica seria uma cidade mais fria por ficar no Norte do país, o que vendo bem as coisas é no mínimo uma brilhante lapalissada. Mas não ficava por aqui, achava também que seria uma cidade muito mais pequena do que Atenas (assim como o Porto está para Lisboa), e que seria pouco mediterrânica e pouco grega em comparação com o meu lugar comum do que é ser grego.
Mas depois um dia li o Pacheco Pereira a falar bem de um livro no Abrupto e fiquei intrigado. Mas isso foi em Maio de 2007 e rapidamente esqueci-me de tal crítica.
Em 2008 fui à Grécia e juro pelas mais sagradas alminhas, por Zeus e pelo Minotauro que nunca em momento algum lembrei-me de Salónica. Continuei portanto ignaro relativamente à segunda maior cidade do país que nos demoliu o sonho em 2004, mesmo quando nesse ano de 2008 numa sexta-feira que agora não recordo, tenha lido isto nas páginas do Ípsilon.
A verdade é que Salónica continuou a passar-me ao lado...
Até que...
O Ano era 2009, o Natal aproximava-se e eu tinha que escolher um livro para a minha irmã comprar-me como presente para eu poder desembrulha-lo com ar surpreendido na noite de consoada depois de já ter comido meio bacalhau e dois polvos...
Fui para a Bertrand e desci para a secção de história (o amor primeiro é sempre o amor verdadeiro) e reencontrei Salónica. Não há duas sem três e à terceira foi de vez, quando finalmente desfolhei aquelas folhas percebi que tinha encontrado um achado. Resolvi esconder o exemplar único atrás de um livro sobre a história do Japão e escrevi num papel:
Salónica, cidade de fantasmas - cristãos, muçulmanos e judeus de 1430 a 1950. Mark Mazower; entreguei o papel à minha irmã quando ela perguntou o que eu queria de presente de natal (impagável o olhar dela ao ler o título do livro - têm de experimentar com os vossos familiares!) e esperei pela noite de 24 de Dezembro.
O resto são muitas leituras desconexas, com saltos da página 50 para a 325 e de volta para trás. Não terei lido ainda o livro todo, mas já reli alguns capítulos 3 vezes.
Não vou aqui criticar o livro que o JPP e o Ípsilon são bem melhores que eu nessa matéria, mas aconselho vivamente a quem gosta de história e a quem gosta de guias de viagens a desfolhar este livro.
Conheço muito bem uma cidade que já não existe, Das Incantadas (com quem cruzei-me recentemente no Louvre) à já supracitada Torre Branca, passando pela Hagios Demetrios, Salónica é um bolo de infinitas camadas... dos macedónios antigos, passando pelos romanos, inscrita na Bíblia, ocupada pelos bizantinos e otomanos, porto de abrigo de refugiados judeus, com os seus minaretes e as suas inúmeras mesquitas, Salónica cresceu até ao século XX e a inclusão na Grécia Moderna como uma cidade universal, até que a Grécia através de um processo acelerado de helenização nacionalizou a mesma.
Seguiu-se a ocupação alemã e o extermínio de grande parte da população judaica da cidade em Auschwitz, e Salónica que tinha sido a cidade com a maior percentagem de habitantes judeus do mundo (nem Jerusalém ou Nova Iorque se aproximavam) tornou-se ainda mais grega, mais europeia.
O que é fantástico quando fechamos a última página é noção que temos de que Salónica tem tanto para nos contar e que nós não saberíamos nada disso se Mazower não tivesse tido a bondade de o partilhar connosco.
Com o seu relato detalhado e exaustivo, deliciosamente escrito que flui como uma grande história - como um romance intemporal com heróis, vilões, mulheres sedutoras, amores platónicos, partilha e amizade, mas também a mais vis naturezas humanas, Mazower leva-nos a viajar no espaço e no tempo. É um guia que nos leva por ruas que já não existem, a espreitar fontes que já não brotam água. Um passeio por ruelas com arcos e janelas diminutas de onde ecoam falares distantes.
Muralhas com pedras soltas, sombras ao lado de frondosos ciprestes, vagas a rebentarem no mais ecuménico porto de todo o Mediterrâneo oriental.
A Rosa do Sultão Murad - que conquistou a cidade aos bizantinos- perfumou o mundo até à alvorada do século XX, mas em menos de 50 anos foram quase erradicados 500 anos de história, o mérito de Mazower é fazer justiça a esse passado e a todos que fizeram de Salónica o que ela foi, porque o que ela é, estou certo que nenhum desses antepassados iria agora reconhecer.
Agora sim podem dizer-me que é que adianta saber muito sobre a história de algo que já não existe? E eu respondo que pobres daqueles que não sabem que o verdadeiro prazer da cultura é saber coisas que serão sempre mais inúteis do que saber abrir uma lata de sardinhas.
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sexta-feira, 26 de fevereiro de 2010
MYSTERIOUS SKIN
Lembrei-me da Elizabeth Shue porque com o Público de hoje temos um excelente motivo para gastar mais 1,95€.
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dEUS
Hoje contaram-me que Ruy Belo escrevia deus com letra pequena "para que nenhuma palavra levante a cabeça no meio da frase".
quarta-feira, 17 de fevereiro de 2010
quarta-feira, 3 de fevereiro de 2010
E NA SEGUNDA PARTE O AVANÇADO ASTRONAUTA COM OLHOS QUE DISPARAM LASERS RESOLVEU O JOGO, NÃO OBSTANTE A BELÍSSIMA EXIBIÇÃO DO SPORTING...
A cara podia dizer tudo, mas não, neste dia Carvalhal ainda não tinha acabado de levar 5 após uma primeira parte onde «estivemos ausentes».
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segunda-feira, 1 de fevereiro de 2010
domingo, 31 de janeiro de 2010
LA TRICOLEUR
sábado, 30 de janeiro de 2010
TO HELENA
Acabo de inventar um novo advérbio: helenamente
A maneira mais triste de se estar contente
a de estar mais sozinho em meio de mais gente
de mais tarde saber alguma coisa antecipadamente
Emotiva atitude de quem age friamente
inalterável forma de se ser sempre diferente
maneira mais complexa de viver mais simplesmente
de ser-se o mesmo sempre e ser surpreendente
de estar num sítio tanto mais se mais ausente
e mais ausente estar se mais presente
de mais perto se estar se mais distante
de sentir mais o frio em tempo quente
O modo mais saudável de se estar doente
de se ser verdadeiro e revelar-se que se mente
de mentir muito verdadeiramente
de dizer a verdade falsamente
de se mostrar profundo superficialmente
de ser-se o mais real sendo aparente
de menos agredir mais agressivamente
de ser-se singular se mais corrente
e mais contraditório quanto mais coerente
A via enviesada para ir-se em frente
a treda actuação de quem actua lealmente
e é tão impassível como comovente
O modo mais precário de ser mais permanente
de tentar tanto mais quanto menos se tente
de ser pacífico e ao mesmo tempo combatente
de estar mais no passado se mais no presente
de não se ter ninguém e ter em cada homem um parente
de ser tão insensível como quem mais sente
de melhor se curvar se altivamente
de perder a cabeça mas serenamente
de tudo perdoar e todos justiçar dente por dente
de tanto desistir e de ser tão constante
de articular melhor sendo menos fluente
e fazer maior mal quando se está mais inocente
É sob aspecto frágil revelar-se resistente
é para interessar-se ser indiferente
Quando helena recusa é que consente
se tão pouco perdoa é por ser indulgente
baixa os olhos se quer ser insolente
Ninguém é tão inconscientemente consciente
tão inconsequentemente consequente
Se em tantos dons abunda é por ser indigente
e só convence assim por não ser muito convincente
e melhor fundamenta o mais insubsistente
Acabo de inventar um novo advérbio: helenamente
O mar a terra o fumo a pedra simultaneamente.
* *
Ruy Belo
A maneira mais triste de se estar contente
a de estar mais sozinho em meio de mais gente
de mais tarde saber alguma coisa antecipadamente
Emotiva atitude de quem age friamente
inalterável forma de se ser sempre diferente
maneira mais complexa de viver mais simplesmente
de ser-se o mesmo sempre e ser surpreendente
de estar num sítio tanto mais se mais ausente
e mais ausente estar se mais presente
de mais perto se estar se mais distante
de sentir mais o frio em tempo quente
O modo mais saudável de se estar doente
de se ser verdadeiro e revelar-se que se mente
de mentir muito verdadeiramente
de dizer a verdade falsamente
de se mostrar profundo superficialmente
de ser-se o mais real sendo aparente
de menos agredir mais agressivamente
de ser-se singular se mais corrente
e mais contraditório quanto mais coerente
A via enviesada para ir-se em frente
a treda actuação de quem actua lealmente
e é tão impassível como comovente
O modo mais precário de ser mais permanente
de tentar tanto mais quanto menos se tente
de ser pacífico e ao mesmo tempo combatente
de estar mais no passado se mais no presente
de não se ter ninguém e ter em cada homem um parente
de ser tão insensível como quem mais sente
de melhor se curvar se altivamente
de perder a cabeça mas serenamente
de tudo perdoar e todos justiçar dente por dente
de tanto desistir e de ser tão constante
de articular melhor sendo menos fluente
e fazer maior mal quando se está mais inocente
É sob aspecto frágil revelar-se resistente
é para interessar-se ser indiferente
Quando helena recusa é que consente
se tão pouco perdoa é por ser indulgente
baixa os olhos se quer ser insolente
Ninguém é tão inconscientemente consciente
tão inconsequentemente consequente
Se em tantos dons abunda é por ser indigente
e só convence assim por não ser muito convincente
e melhor fundamenta o mais insubsistente
Acabo de inventar um novo advérbio: helenamente
O mar a terra o fumo a pedra simultaneamente.
* *
Ruy Belo
sexta-feira, 29 de janeiro de 2010
COS WE ARE JUST FOLLOWING THE FLOCK ROUND
The Last Shadow Puppets - My Mistakes Were Made For You (2009)
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quarta-feira, 27 de janeiro de 2010
LAPIDAR
«This then, I thought, is the representation of history. It requires a falsification of perspective. We, the survivors, see everything from above, see everything at once, and still we do not know how it was.»
(W. G. Sebald, The Rings of Saturn)
(W. G. Sebald, The Rings of Saturn)
terça-feira, 26 de janeiro de 2010
segunda-feira, 25 de janeiro de 2010
A GRANDEZA DO BENFICA E A TRISTEZA DO JEAN SONY
Ao ver hoje como a SIC e mais tarde a TVI noticiaram a realização do jogo contra a pobreza fiquei com a certeza absoluta que se o Benfica este ano não for nomeado campeão por decreto, será por televoto.
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sábado, 23 de janeiro de 2010
FUI VER O AVATAR...
Fui ver o Avatar, gastei 6 euros (lindos óculos incluídos) e devia ter vergonha de assumi-lo publicamente.
sábado, 16 de janeiro de 2010
O IMPÉRIO CONTRA ATACA
Ainda não aderi ao acordo ortográfico e tão cedo não acharei que é óptimo escrever húmido sem "agá" por entre outras inovações deste quilate.
Continuarei a escrever como aprendi porque já será tarde para reaprender a escrever - dizem que burro velho não aprende...
Não sou contra a ideia de simplificação que está inerente no acordo, mas tenho em muito boa conta a etimologia da minha língua, para deixar cair uns "cês", "pês" ou "agás" mudos que sempre dão um ar catita à mesma.
Irei continuar a pronunciar o 'c' em pacto, em facto, tal como irei continuar a dizer rapto.
E um pato, um fato e um rato irão continuar a ser para mim o que sempre foram.
Mas eu sou um gajo que não percebe nada da língua que usa e menos ainda de linguística. Sou um leigo, daqueles bem leigos, whatever that means...
Sinto que ressalvando os conhecedores da língua, donde se destaca logo à partida Vasco Graça Moura, a maioria dos opositores do acordo (e basta ir ao facebook para ver que não são assim tão poucos) é contra apenas e tão só por nacionalismo bacoco.
Há um principio de superioridade portuguesa sobre todos os outros falantes da língua que me repugna (e não escrevi repugna-me, exactamente para irritar suas senhorias).
A língua não é um património nosso. Não fomos nós que a inventamos, foram os nossos antepassados que também são em larga maioria os antepassados dos brasileiros.
Não gosto da ideia da minha língua ser um campo de lide de xenofobias idiotas e gosto ainda menos da ideia de um neo-colonialismo línguistico.
Salazar está morto e enterrado (Getúlio Vargas também), Fernando Pessoa que sempre se recusou a escrever Farmácia sem o seu tão amado Ph continua a dizer tanto a nós como diz a um Goense ou a um Cabo Verdiano, e tem no Brasil o país do mundo com o maior número de pessoanos.
Olhemos para esta situação com outros olhos: conhecem alguma ex-metrópole imperial que adapte a sua ortografia à ortografia de uma ex-colónia do Império? Os ingleses jamais e o Brasil deles é bem maior que o nosso; os Espanhóis até se sentem mal com sotaques dentro da Península quanto mais cederem algo aos argentinos e mexicanos. Quanto aos franceses suponho que preferiam deitar a Torre Eiffel abaixo antes de mudarem um acento que seja na sua língua por causa do Senegal.
Seremos nós os primeiros e por certo não os últimos, o Império algum dia iria morder-nos a mão, estava na cara...
Resta-nos a consolação de que não é para qualquer um e de que é preciso tê-los bem no sítio, para assumir assim perante o mundo, que não somos os maiores dentro da comunidade que fala a nossa língua.
Continuarei a escrever como aprendi porque já será tarde para reaprender a escrever - dizem que burro velho não aprende...
Não sou contra a ideia de simplificação que está inerente no acordo, mas tenho em muito boa conta a etimologia da minha língua, para deixar cair uns "cês", "pês" ou "agás" mudos que sempre dão um ar catita à mesma.
Irei continuar a pronunciar o 'c' em pacto, em facto, tal como irei continuar a dizer rapto.
E um pato, um fato e um rato irão continuar a ser para mim o que sempre foram.
Mas eu sou um gajo que não percebe nada da língua que usa e menos ainda de linguística. Sou um leigo, daqueles bem leigos, whatever that means...
Sinto que ressalvando os conhecedores da língua, donde se destaca logo à partida Vasco Graça Moura, a maioria dos opositores do acordo (e basta ir ao facebook para ver que não são assim tão poucos) é contra apenas e tão só por nacionalismo bacoco.
Há um principio de superioridade portuguesa sobre todos os outros falantes da língua que me repugna (e não escrevi repugna-me, exactamente para irritar suas senhorias).
A língua não é um património nosso. Não fomos nós que a inventamos, foram os nossos antepassados que também são em larga maioria os antepassados dos brasileiros.
Não gosto da ideia da minha língua ser um campo de lide de xenofobias idiotas e gosto ainda menos da ideia de um neo-colonialismo línguistico.
Salazar está morto e enterrado (Getúlio Vargas também), Fernando Pessoa que sempre se recusou a escrever Farmácia sem o seu tão amado Ph continua a dizer tanto a nós como diz a um Goense ou a um Cabo Verdiano, e tem no Brasil o país do mundo com o maior número de pessoanos.
Olhemos para esta situação com outros olhos: conhecem alguma ex-metrópole imperial que adapte a sua ortografia à ortografia de uma ex-colónia do Império? Os ingleses jamais e o Brasil deles é bem maior que o nosso; os Espanhóis até se sentem mal com sotaques dentro da Península quanto mais cederem algo aos argentinos e mexicanos. Quanto aos franceses suponho que preferiam deitar a Torre Eiffel abaixo antes de mudarem um acento que seja na sua língua por causa do Senegal.
Seremos nós os primeiros e por certo não os últimos, o Império algum dia iria morder-nos a mão, estava na cara...
Resta-nos a consolação de que não é para qualquer um e de que é preciso tê-los bem no sítio, para assumir assim perante o mundo, que não somos os maiores dentro da comunidade que fala a nossa língua.
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sexta-feira, 15 de janeiro de 2010
quinta-feira, 14 de janeiro de 2010
QUE NÃO SE MUDA JÁ COMO SOÍA
Mudam-se os tempos, mudam-se as vontades,
Muda-se o ser, muda-se a confiança;
Todo o mundo é composto de mudança,
Tomando sempre novas qualidades.
Continuamente vemos novidades,
Diferentes em tudo da esperança;
Do mal ficam as mágoas na lembrança,
E do bem, se algum houve, as saudades.
O tempo cobre o chão de verde manto,
Que já coberto foi de neve fria,
E em mim converte em choro o doce canto.
E, afora este mudar-se cada dia,
Outra mudança faz de mor espanto:
Que não se muda já como soía.
* *
Luís Vaz de Camões
terça-feira, 12 de janeiro de 2010
PORTRAIT D'UNE FEMME
Your mind and you are our Sargasso Sea,
London has swept about you this score years
And bright ships left you this or that in fee:
Ideas, old gossip, oddments of all things,
Strange spars of knowledge and dimmed wares of price.
Great minds have sought you--lacking someone else.
You have been second always. Tragical?
No. You preferred it to the usual thing:
One dull man, dulling and uxorious,
One average mind--with one thought less, each year.
Oh, you are patient, I have seen you sit
Hours, where something might have floated up.
And now you pay one. Yes, you richly pay.
You are a person of some interest, one comes to you
And takes strange gain away:
Trophies fished up; some curious suggestion;
Fact that leads nowhere; and a tale for two,
Pregnant with mandrakes, or with something else
That might prove useful and yet never proves,
That never fits a corner or shows use,
Or finds its hour upon the loom of days:
The tarnished, gaudy, wonderful old work;
Idols and ambergris and rare inlays,
These are your riches, your great store; and yet
For all this sea-hoard of deciduous things,
Strange woods half sodden, and new brighter stuff:
In the slow float of differing light and deep,
No! there is nothing! In the whole and all,
Nothing that's quite your own.
Yet this is you.
* *
Ezra Pound
domingo, 10 de janeiro de 2010
QUANDO UMA VERSÃO É BRILHANTE
Johnny Cash & Fionna Apple - Bridge Over Troubled Waters
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quinta-feira, 7 de janeiro de 2010
ÁGORA
Fui ver o Ágora por um conjunto de razões tão diferentes como ter gostado de todos os filmes do Amenabár até hoje, ser um sucker por filmes históricos, achar a Rachel Weisz uma boa ilustração para o adjectivo maravilhosa (dos pés à cabeça e vice-versa) ou ter lido o Rui Tavares a falar bem do filme.
O filme prometia e decididamente não cumpriu. Salva-se a Rachel (obviamente!), os cenário (mas quem é que se lembrou de encimar a fachada da Biblioteca de Alexandria com bandeiras quadradas?) e pouco mais.
Resta-nos um raro mas interessante olhar sobre o fanatismo do proto-cristianismo e a ascensão do mesmo a Religião oficial do Império, contudo não vejo ali um filme anti-cristão - as pedradas dos judeus e as facadas dos pagãos são esclarecedoras - como muitos advogam.
Vejo sim um filme anti-religioso que nos mostra cristãos que - duvido que inocentemente - lembram os muçulmanos dos nossos dias.
Aparte estes pormenores todos o filme é fraco, algumas representações são paupérrimas o argumento é risível - Hipátia dava pano para mangas e foi muito mal aproveitada e para acabar a festa não era necessário falarem de bananas no Império Romano ou atirar tomates às divindades pagãs! Saber um pouco de história não faz mal a quem filma um filme histórico.
P.S.- Eu posso não saber grego mas sei que História não se escreve ΗΙΣΤΟΠΙΑ.
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quarta-feira, 6 de janeiro de 2010
UMA TRISTEZA DE CREPÚSCULO...
"Uma tristeza de crepúsculo, feita de cansaços e de renúncias falsas, um tédio de sentir qualquer coisa, uma dor como de um soluço parado ou de uma verdade obtida. Desenrola-se-me na alma desatenta esta paisagem de abdicações - áleas de gestos abandonados, canteiros altos de sonhos nem sequer bem sonhados, inconsequências, como muros de buxo dividindo caminhos vazios, suposições, como velhos tanques sem repuxo vivo, tudo se emaranha e se visualiza pobre no desalinho triste das minhas sensações confusas."
(Bernardo Soares, in Livro do Desassossego)
(Bernardo Soares, in Livro do Desassossego)
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terça-feira, 5 de janeiro de 2010
MONSTROS CRETINOS E SUPER ASSUSTADORES (OU ALGO ASSIM)
David Bowie - Scary Monsters (And Super Creeps) (1980)
LAPIDAR
"Poetry's unnat'ral; no man ever talked poetry 'cept a beadle on Boxin'-Day, or Warren's blackin', or Rowland's oil, or some of them low fellows; never you let yourself down to talk poetry, my boy."
Charles Dickens in Pickwick Pappers
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CÂNTIGO NEGRO
O posderoso poema do grande poeta vilacondense na voz inconfundível de Villaret.
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segunda-feira, 4 de janeiro de 2010
MANIAS!
O mundo é velha cena ensanguentada,
Coberta de remendos, picaresca;
A vida é chula farsa assobiada,
Ou selvagem tragédia romanesca.
Eu sei um bom rapaz, -- hoje uma ossada, --
Que amava certa dama pedantesca,
Perversíssima, esquálida e chagada,
Mas cheia de jactância quixotesca.
Aos domingos a deia já rugosa,
Concedia-lhe o braço, com preguiça,
E o dengue, em atitude receosa,
Na sujeição canina mais submissa,
Levava na tremente mão nervosa,
O livro com que a amante ia ouvir missa!
* *
Cesário Verde
Coberta de remendos, picaresca;
A vida é chula farsa assobiada,
Ou selvagem tragédia romanesca.
Eu sei um bom rapaz, -- hoje uma ossada, --
Que amava certa dama pedantesca,
Perversíssima, esquálida e chagada,
Mas cheia de jactância quixotesca.
Aos domingos a deia já rugosa,
Concedia-lhe o braço, com preguiça,
E o dengue, em atitude receosa,
Na sujeição canina mais submissa,
Levava na tremente mão nervosa,
O livro com que a amante ia ouvir missa!
* *
Cesário Verde
DEZ ANOS, DEZ ÁLBUNS
Eis a minha lista dos melhores álbuns dos últimos dez anos, e não da década que essa só acaba este ano - mas isso será tema para futuro post.
De fora ficam álbuns que podiam muito bem estar entre os "vencedores" como o Amnesiac (Radiohead), Ágætis byrjun (Sigur Rós), Lightbulbs (Fujiya & Miyagi), Yankee Hotel Foxtrot (Wilko), Armchair Apocrypha (Andrew Bird), Yoshimi Battles the Pink Robots (The Flaming Lips), Think Tank (Blur), Sound Silver (LCD SoundSystem), Give Up (The Postal Service), mas ficam com a menção honrosa e não digam que não vão daqui!
Sem mais delongas apresento-vos a crème da la crème dos 10 anos que agora findaram:
De fora ficam álbuns que podiam muito bem estar entre os "vencedores" como o Amnesiac (Radiohead), Ágætis byrjun (Sigur Rós), Lightbulbs (Fujiya & Miyagi), Yankee Hotel Foxtrot (Wilko), Armchair Apocrypha (Andrew Bird), Yoshimi Battles the Pink Robots (The Flaming Lips), Think Tank (Blur), Sound Silver (LCD SoundSystem), Give Up (The Postal Service), mas ficam com a menção honrosa e não digam que não vão daqui!
Sem mais delongas apresento-vos a crème da la crème dos 10 anos que agora findaram:
2000 - Radiohead - Kid A
2001 - The Strokes - Is This It
2002 - Interpol -Turn On The Bright Lights
2003 - Sigur Rós - ( )
2004 - Arcade Fire - Funeral
2005 - The Black Keys - Thickfreakness
2006 - Artic Monkeys - Whatever People Say I Am, Thats What I'm Not
2007 - The National - Boxer
2008 - Vampire Weekend - Vampire Weekend
2009 - Animal Collective - Merriweather Post Pavilion
2001 - The Strokes - Is This It
2002 - Interpol -Turn On The Bright Lights
2003 - Sigur Rós - ( )
2004 - Arcade Fire - Funeral
2005 - The Black Keys - Thickfreakness
2006 - Artic Monkeys - Whatever People Say I Am, Thats What I'm Not
2007 - The National - Boxer
2008 - Vampire Weekend - Vampire Weekend
2009 - Animal Collective - Merriweather Post Pavilion
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